Mauricio Vilela De Andrade
As férias de julho estão chegando. Com o aumento de crianças e adolescentes nas ruas e parques das cidades, aumenta também a preocupação. É nessa época do ano, com o tempo seco e a maior incidência de ventos, que empinar pipas, uma brincadeira antiga e aparentemente inocente, coloca em alerta distribuidoras de energia elétrica, como a CPFL Paulista, pais e responsáveis.
Os números de casos de desligamentos provocados não deixam dúvidas. Linhas e parte dos brinquedos enroscados nos fios provocam curtos-circuitos, desligamentos de redes de distribuição e acidentes com choques elétricos, podendo em alguns casos mais graves culminar em morte. Além disso, há muitos acidentes envolvendo usuários de motocicletas e bicicletas, atingidos na altura do pescoço por linhas de pipas, e raramente consegue-se identificar os responsáveis. O desafio de evitar essa tragédia urbana não é apenas das empresas que distribuem energia, mas recai sobre toda a sociedade.
Brincar muito próximo a redes elétricas e utilizar cerol nas linhas representam os maiores riscos de acidentes quando o assunto envolve pipas. Linhas reforçadas com vidro e cola são proibidas e sua comercialização é crime. Em São Paulo, a Lei nº 12.192/2006 proíbe o uso de cerol ou de qualquer produto semelhante que possa ser aplicado em linhas de pipas.
Reverter essa ameaça é possível, com conscientização e adoção de algumas medidas preventivas. Ninguém precisa ficar sem seu brinquedo e a solução não passa pela proibição das pipas. Pelo contrário. Algumas regras básicas devem ser respeitadas, para que uma brincadeira tão especial não se transforme em preocupação.
É importante escolher um local longe da fiação elétrica, como campos abertos e parques, preferencialmente áreas planas, fugindo do entorno de rodovias ou das avenidas de intenso movimento, evitando inclusive os atropelamentos. Outra preocupação é em relação ao papel utilizado, pois o papel alumínio, ou mesmo papel laminado, são condutores elétricos, facilitando a ocorrência de curtos-circuitos.
A tentativa de resgatar a pipa da fiação elétrica pode provocar desligamentos no fornecimento de eletricidade e causar acidentes com vítimas. Subir em telhados ou postes para recuperar o brinquedo representa risco de choque, assim como tentar removê-lo com canos ou bambus. Não é indicado soltar pipas quando estiver chovendo ou com relâmpagos, pois elas funcionam como para-raio, conduzindo energia. Também é perigoso brincar em lajes, porque qualquer distração pode causar uma queda.
Muitos dos acidentes e desligamentos provocados pelas pipas poderiam ser evitados se esses cuidados básicos fossem adotados. Esses conselhos podem ser multiplicados para que um número maior de pais e responsáveis pelas crianças perceba o problema e contribua com sua solução. Seja respeitando as regras em benefício da sociedade, seja alertando sobre os riscos as pessoas que ainda insistem em praticar a brincadeira de maneira insegura.