São 100 anos de uma história que já começou sob o signo da união. Afinal, o XV de Novembro de Piracicaba surgiu em 1913, depois da fusão de dois times que dominavam o esporte amador na cidade. Eram equipes controladas por famílias tradicionais piracicabanas: o Vergueirense, gerenciado pelos Pousa, e o 12 de Outubro, administrado pelos Guerrini.
O nome foi uma escolha do primeiro presidente, Carlos Wingeter, cirurgião dentista e capitão da Guarda Nacional. Logo a equipe construiu seu estádio próprio, o Roberto Gomes Pedrosa, que ficava na rua Regente Feijó, onde hoje funciona um hipermercado.
No final dos anos 40, mais precisamente em 1948, o time conseguiu um de seus maiores triunfos: o acesso à primeira divisão do Campeonato Paulista, sendo o primeiro do interior a disputar entre os grandes da capital.
A história do XV é cheia de pioneirismos, como o fato de realizar excursão pelos países do Leste Europeu em 1964, algo que apenas Botafogo e Santos, graças a estrelas como Garrincha e Pelé, haviam feito anteriormente. Em 1976, alcançou sua melhor posição no torneio: o vice-campeonato, disputado contra o Palmeiras.
A trajetória do time, porém, não se explica apenas pelos resultados. Afinal, nestes anos todos, amargou várias derrotas e chegou a disputar por alguns anos a terceira divisão do Paulistão. Tantos altos e baixos nunca afetaram o número de seus torcedores.
Parece que o que dá conta de entender o XV, além de sua união, é mesmo a paixão, a mesma se o time sobe ou desce, se estiver na A1 ou A3. É o sentimento que fica claro tanto entre o presidente atual da equipe, o administrador Celso Christofoletti, que aprendeu a gritar o nome da equipe no estádio desde criança e promete uma grande festa para comemorar o centenário (talvez com a presença do maestro João Carlos Martins, que se assumiu quinzista, provavelmente por ser tão duro na queda quanto a equipe).
É a saudade da camisa zebrada que toma conta de craques do passado, como Cardeal (um centro-avante rompedor), Russo (que cometeu a façanha inédita de bater o escanteio e correr para a pequena área fazer o gol de cabeça) ou Nenê, que teve a ousadia de driblar Pelé.
É amor o que explica a dedicação dos presidentes das três maiores torcidas do alvinegro (AR-XV, Esquadrão e Super Raça Quinzista), que rasgam o coração e perdem o fôlego nas arquibancadas, mas nunca deixaram que os grupos tivessem destaque em colunas policiais. E as mulheres, incluindo a primeira-dama do time, Silvana, já começam a ocupar posição de destaque, não apenas nos estádios, mas na diretoria.
É um time tão diferente, que tem o luxo de contar com dois hinos: o oficial, uma marcha solene, e o popular, criado por estudantes da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), nos anos 60, e hoje o mais conhecido. XV, já que tá que fique! Por mais 100 anos. (por Ronaldo Victoria)