Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias
Acolhimento é a palavra de ordem na Casa do Bom Menino. Em seus 50 anos de história, a entidade, que nasceu para dar atenção especial às crianças em situação de rua na região central de Piracicaba, cresceu e profissionalizou-se na dedicação às pequenas vítimas de agressões, abandono ou abuso no ambiente familiar. “Não atendemos menores infratores. Na verdade, todos eles são vítimas”, salienta o presidente da Casa do Bom Menino, Guilherme Monaco de Mello.
A evolução do atendimento na Casa do Bom Menino passou pela divisão de público conforme idade e sexo. Os jovens do sexo masculino e com idade entre 12 e 18 anos são acolhidos na Casa do Bom Menino. Na Casa Raquel, ficam as jovens adolescentes na mesma faixa etária. O Centro Educacional Infantil recebe as crianças com até 12 anos de idade.
“São 60 pessoas acolhidas, entre crianças e adolescentes, e cada casa atende 20 deles. Todos chegam à entidade por meio do Poder Judiciário porque tiveram, de alguma forma, seus direitos violados”, conta o presidente da casa. Para atender à demanda, a instituição tem um quadro de 48 funcionários entre psicólogo, assistente social, educador, nutricionista, cozinheiro e pessoal do departamento administrativo.
Estudar é outra palavra de ordem na Casa do Bom Menino. Todos, crianças e jovens, estão matriculados nas escolas públicas de Piracicaba – municipais ou estaduais – e participam das atividades da administração pública, entidades piracicabanas e das realizadas por voluntários. “No fim do ano passado, durante as férias, a entidade participou das ações organizadas pela prefeitura no antigo ´Palmeirão´. No ano anterior, eles participaram das férias no Sesi.”
Muito além das rotinas diárias, o presidente da entidade destaca que frequentar a escola é condição fundamental para poder integrar as demais atividades do grupo. “A evasão escolar era nosso principal problema. Hoje todos estão estudando e oferecemos também reforço escolar na entidade”, informa Guilherme de Mello.
INDIVIDUALIZAÇÃOA atual gestão da entidade está na direção desde 2009. De lá para cá muitas mudanças aconteceram na Casa do Bom Menino. A partir da implantação de um projeto político-pedagógico, o atendimento foi humanizado e cada criança passou a ter seu histórico individual.
“É a primeira vez que a entidade teve um projeto nesses moldes e, também, pela primeira vez, cada pessoa acolhida tem sua ficha individualizada. Agora, o tratamento acontece de maneira particular e cada história recebe os cuidados necessários”, relata o presidente.
A adoção tardia é outro assunto tratado com profissionalismo pela gestão atual. Como é difícil acontecer a adoção dos jovens, a preparação para o mercado de trabalho tem um foco muito especial no sentido de dar projeção de futuro na vida desses adolescentes. As duas principais frentes são o Projeto Pérola – aulas de informática e cidadania –, implantado desde o final de 2011, e a parceria com empresas locais para estágio dentro do programa Menor Aprendiz.
Após colocar a casa em ordem, Guilherme de Mello dribla outro problema que persiste: as contas no fim do mês. A fonte de renda da entidade vem da arrecadação durante a Festas das Nações, de um repasse da administração pública e de doações voluntárias. “Mas é difícil fechar essa conta”, declara o presidente da casa. Do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fumdeca) chegam recursos para pagar um projeto educacional na entidade. (por Cristiane Bonin)
