Em Piracicaba existe parlamentarismo. Onde? Justamente no espaço mais tradicional da cidade, o velho e bom E.C. XV de Novembro. Explica-se: é que o Conselho Deliberativo do clube, que hoje enfrenta uma fase tranquila (manteve-se com folga por mais um ano na elite do futebol paulista), tem poder até de demitir os diretores. Isso mesmo. “Eu, como presidente do conselho e da Assembleia dos Associados, tenho o condão de dissolver a diretoria”, explica o advogado Jonas Parisotto, que está no segundo mandato e acha graça quando se diz que ele seria o ‘primeiro-ministro’ quinzista.
“Até pode ser teoricamente, mas sinceramente espero nunca usar deste poder porque é sempre melhor trabalhar sem crise”, destaca. Hoje, Parisotto conta que trabalha com apoio do Conselho Fiscal, outro órgão que compõe a estrutura administrativa do time, e o trabalho compreende mais a fiscalização. “Nós analisamos a conduta da diretoria na parte de finanças e contratos. É mais um órgão fiscalizador, mas não agimos em relação ao trabalho do técnico e dos atletas. Isso é tarefa da diretoria”, explica.
Eleito pela segunda vez para o cargo, em novembro de 2012, Parisotto é quem comanda as reuniões mensais, realizadas na secretaria do XV, anexa ao Estádio Municipal Barão de Serra Negra. Apaixonado pelo time, o advogado conta que trabalha desde 2001, na fase em que o presidente era João Paulo Araujo. “Foi uma fase muito difícil, em que o time esteve literalmente ameaçado de fechar as portas. Com muito custo, fomos conseguindo recuperar o prestígio. Na época, o conselho era como um órgão morto e, em 2007, reformularmos todo o estatuto. É a vanguarda que o XV merece”, conta Parisotto, lembrando que o ‘parlamentarismo esportivo’ não é uma receita única do Nhô Quim, mas adotado por outros clubes.
O administrador João Luis de Almeida, hoje primeiro-secretário, está no conselho desde 2008, na primeira gestão como suplente e desde o final do ano passado como efetivo. “Hoje, o conselho teve sua importância restaurada, assim como o próprio XV vem recuperando o espaço que sempre mereceu. Tanto que, em poucos anos, saiu da série A3 para a série A1. O interessante é que há pouco tempo era difícil completar o quadro dos conselheiros. Tinha de pegar gente ‘a laço’. E hoje é uma eleição bastante disputada”, afirma. O primeiro-secretário também explica que a atuação no conselho é totalmente voluntária, sem nenhum tipo de remuneração.
Por muitos considerada a torcedora-símbolo do alvinegro, Emília da Rocha Lima, a Lili, está no conselho há dois anos. “Quem me deu esse título de torcedora "número 1" foi o (ex-presidente do XV, Romeu Ítalo) Rípoli, ainda nos anos 80. E tenho o orgulho de ser a primeira mulher a fazer parte, junto com a Ângela Barbieri”, lembra.
Embora não goste de reclamar, Lili acredita que houve machismo no fato dela nunca ter sido considerada para o cargo. “Os antigos não deixavam e nem me davam explicação. Acho que era por eu ser mulher e por acharem que não tinha capacidade”, lembra. Mas isso é passado. “Hoje tenho não só a honra de fazer parte, mas também de contribuir para que 13 torcedores também estejam no conselho”, conclui.
O Conselho também é integrado por José Antonio do Amaral Caprânico (vice-presidente), Rodney Albert Roston (2º secretário), Alaor Antonio Menegalle, Antonio Carlos de Sousa Leite, Antonio Carlos Fernandes, Armando Thomaziello Junior, Dejair Santo Cristo Bortoletto, Edivaldo Antonio de Oliveira, Fabio Ricardo Batista, Fernando Lopes, Francisco Carlos Malosá Junior, Felipe Jorge Dario, João Carmelo Alonso, João Carlos Maiolo, José Silvestre da Silva, Jurandir Nascimento Filho, Laércio Trevisan Junior, Luis Roberto Lordello Beltrame, Luiz Antonio Lopes, Luiz Carlos Furtuoso, Moacir José Lordello Beltrame, Ocimar José Cella, Ledy Anderson Nascimento, Renata Perazolli, Rogério Sabino Bacchi, Rubens Leite do Canto Braga, Rui Alexandre Kleiner, Sylvino Luiz Torrezan, Valmir José Rodrigues, Vítor do Amaral Coelho Prates e Victor Fernandes. (por Ronaldo Victoria)