Para o Espaço Pipa, fazer com que a pessoa com síndrome de Down tenha uma vida integrada à comunidade é a missão principal. A entidade, que já existe há 30 anos em Piracicaba (fundada por pais e irmãos de crianças com a síndrome), mudou recentemente de nome: antes era Associação Síndrome de Down.
A razão da mudança se deve a essa nova perspectiva de trabalho, totalmente inclusiva, e também por ser a sigla da nova filosofia: Promovendo Inclusão e Partilhando Ações. “Temos de mudar primeiramente o olhar da família. Mudando isso, ela passa a ser um agente multiplicador. Se a família não se coloca mais como uma ‘vítima’, a possibilidade de mudar a visão do público externo é muito maior”, conta a pedagoga Tainá Rekã.
Hoje o Espaço Pipa, que se transferiu há três meses para uma ampla sede, doada pela prefeitura, no Jardim Santa Sílvia, atende a 46 pessoas, de recém-nascidos a adultos, sem limite de idade. “Cada pessoa é atendida de forma individual, dentro de suas necessidades próprias. A nossa atuação já começa na maternidade, quando temos a notícia do nascimento”, conta Tainá.
De acordo com a pedagoga, em cada faixa etária há uma preocupação. E por ser uma entidade com 30 anos de atuação, hoje conta com pessoas que viveram os tempos de exclusão total (em que a pessoa era praticamente ‘escondida’ do convívio social), os que começaram a vivenciar os novos tempos e os que já nasceram num contexto bem mais inclusivo. Porque, embora ainda resista, o preconceito diminuiu bastante.
Uma das áreas prioritárias é o encaminhamento para as escolas, a maioria da rede municipal. Também são realizadas oficinas para um futuro encaminhamento ao mercado de trabalho. Hoje a entidade, que tem uma despesa média de R$ 70 mil a R$ 80 mil mensais, tem 10% a 15% de seus gastos cobertos pelo município. Fora isso, recebe doações por telemarketing, por meio do telefone 3411-2146, e também por boletos mensais.
Porém, quase 40% da verba vêm por meio da participação do Espaço Pipa na Festa das Nações, onde está desde o primeiro ano com a Barraca Brasil Sul. A entidade conta com voluntários, atualmente uma artista plástica e uma professora de artesanato, além das mães que ajudam em atividades periódicas de limpeza e das pessoas que trabalham na Festa das Nações. “Mas cada pessoa que quiser atuar como voluntário tem de passar por nossa capacitação, para se adequar à nossa filosofia de trabalho”, ressalta Tainá.
O Espaço Pipa fica na rua Maria de Lourdes Campos Torres de Carvalho, 100, no Jardim Santa Sílvia. O telefone é 3411-2142. (por Ronaldo Victoria)