Fazemos acontecer

´A música é a régua do mundo´

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 11ª Edição | Janeiro | 2014
Foto: Alessandro Maschio/MBM Ideias

Maestro João Carlos Martins rege orquestra em homenagem ao alvinegro, do qual é torcedor

Quem disse a frase que dá título a esta matéria é um homem que entende muito de música. E dos altos e baixos do mundo. João Carlos Martins, hoje o maestro mais conhecido do Brasil, conta que o poder da música está presente também no futebol. “Se um time joga mal, o técnico diz que houve uma orquestração contra ele. Agora, se joga bem, o que ele diz? Jogamos por música!”, conta.

Martins veio a Piracicaba pelos dois motivos: futebol e música. Futebol para comemorar o centenário do XV de Piracicaba, que ele conta ser seu time do coração. Pelo menos do interior, já que ele não esconde a primeira paixão, a Portuguesa de Desportos, a velha Lusa. “A Portuguesa é meu time de São Paulo, mas o XV de Piracicaba surgiu para mim quando estava com oito, nove anos. Foi quando o clube acabou sendo o primeiro do interior paulista a disputar a Primeira Divisão, o que foi um grande feito. E se não me engano foi no XV que o Pelé fez o seu primeiro gol”, lembra Martins, em entrevista coletiva no Espaço Beira Rio, pouco antes de um concorrido concerto que lotou a sala e contou com um público bem variado.

O maestro comenta que a trajetória esportiva do XV, com muitos altos e baixos, mas sempre resistindo, tem muita identificação com a dele mesmo, já que encarou dois acidentes que paralisaram suas mãos (um em Nova York durante um jogo de futebol e outro na Europa em um assalto), a princípio o impediram de ser pianista, mas o fizeram se reinventar como maestro.

“O XV tem essa coisa de ser um time brigador, que parece que vai parar mas sempre retorna”, afirma. A ligação com o futebol continua com a amizade que sempre teve com Pelé e por meio de um convite recente de Lionel Messi (o melhor jogador de futebol do mundo eleito pela Fifa) para que coloque música em 14 de seus maiores gols. “Ele entendeu que o gol sozinho perece, mas com música ganha eternidade”, explica.

Martins conta que desde que assumiu a função de maestro tem estudado ainda mais, uma média de dez horas por dia. “Como regente, como não consigo virar as páginas, tenho de decorar centenas de páginas para uma apresentação. É um trabalho muito grande”, conta. Mas altamente recompensador, como revela ao falar dos projetos sociais dos quais participa e da volta a tocar piano em público.

Depois do concerto que celebrou o centenário do XV, a convite do presidente do clube, Celso Christofoletti, Martins se apresentou em Nova York, no dia 7 de dezembro, num concerto só com obras de Bach (compositor de quem gravou todas as obras para piano) e, no dia 14, de volta a São Paulo, estrelou um concerto de Natal. “Tenho paixão pelo XV. Sei cantar os dois hinos, o tradicional e o popular, e tenho as duas camisas, a zebrada e a cor-de-rosa”, garante, bem humorado.

Do alto de sua intensa ligação com o futebol, que começou aos cinco anos, e teve até o acidente aos 26 anos durante uma partida, Martins vê numa torcida de time de futebol um espetáculo de paixão e fé. “Quando a pessoa torce, ela começa a viver uma grande história de amor. Ela nunca muda de time. A emoção de uma torcida pelo seu time é algo muito forte, é algo que tem de ser entendido, por mais que, às vezes, essa paixão extrapole. E eu estou vendo isso aqui em Piracicaba, o amor dessa cidade pelo seu time, a emoção dessa cidade fantástica onde já tive o prazer de tocar várias vezes. É uma cidade amada pelo Brasil, e que tem muita ligação com a música. Tenho meus amigos Cidinha e Ernst Mahle (maestro) e tenho dois piracicabanos na orquestra, da família Micheletti”, conclui. (por Ronaldo Victoria)

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