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Amor, meu maduro amor

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | ª Edição | Junho | 2014
Foto: Alessandro Maschio
Três casais piracicabanos falam das vantagens e alegrias do amor na maturidade
 
Por Ronaldo Victoria
 
´´O primeiro amor passou. O segundo amor passou. Mas o coração continua´´.
O poema de Carlos Drummond de Andrade, como aqueles que se tornaram clássicos, insiste em ser atual. Porque há pessoas que não desistem de aceitar o amor, venha ele em que fase da vida for.
 
Três casais piracicabanos são ótimos exemplos de que vale a pena continuar insistindo até acertar. Os publicitários Léa Fabris e Antonio Rodrigues Coelho Neto se conheceram no ambiente de trabalho, assumiram a paixão, mas não misturam o pessoal com o profissional. A arquiteta Silvana Bordenale e o radialista e apresentador de TV Ary Jones nem buscavam outra paixão, quando se conheceram numa noite de música flashback comandada por ele. E a psicóloga Marisa Matavelli e o químico Matheus Fernando Correa provam que amor de Carnaval vai, sim, muito além da Quarta-feira de Cinzas. 
 
Amor no trabalho 
A paixão dos publicitários Léa Fabris, 44, e Antonio Rodrigues Coelho Neto, 51, começou no ambiente de trabalho. Ele é proprietário da agência NPP!, uma das mais conceituadas da
cidade, onde ela foi trabalhar. O amor nasceu há oito anos, veio a necessidade de assumir, mas junto com ela uma série de cuidados. Isso porque ambos já foram casados e têm
dois filhos cada um, dos relacionamentos an-teriores. Léa é mãe de Daniel e Pedro, hoje com 16 e 13 anos. Neto é pai de Mariana e Pedro, com 27 e 24, e que hoje moram em São Paulo.
 
´´O resultado é que moramos em casas separadas, mas não quer dizer que a gente queira seguir a fórmula de casal moderninho. É que preferimos ir aos poucos, sem colocar tudo no
mesmo caldeirão´´, conta Léa. Explicando melhor: eles acharam que não deveriam forçar a barra para que os filhos tivessem de se adaptar logo com os outros, apesar de se darem bem. ´´Ficamos até hoje em casas separadas, principalmente em função da diferença de idade de nossos filhos. É balela eu dizer que prefiro ficar com ela metade do tempo. Quando você ama, quer ficar o tempo todo junto. E hoje eu sei que quero envelhecer ao lado dela´´, garante Neto.
 
Agora, com os filhos dele já adultos, eles vão partir em breve para o desafio de criar um lar juntos. O que não deve ser difícil, já que o amor deles enfrentou outras provas. ´´É um desafio
no dia a dia quando você trabalha junto com a pessoa. Mas nós sempre conseguimos separar bem, nunca misturamos as estações, no ambiente de trabalho somos dois profissionais. Só que nunca precisamos nos policiar por conta disso, aconteceu naturalmente´´, conta Léa. 
 
Para a publicitária, o amor que vem mais tarde, quando se é mais maduro, traz uma grande vantagem: serenidade. ´´É tudo mais tranquilo, existem menos cobranças e muito mais
compreensão. Com o tempo vem a vontade de um cuidar do outro. E, sinceramente, não vejo dificuldade em amor na maturidade´´, ressalta a publicitária. Neto também não vê. ´´Eu sinto que a maturidade é boa para o amor. Você corre menos riscos porque tempera mais as coisas, sabe dar mais valor ao que merece, até ao pouco tempo que passam juntos´´, conta.
 
Para ele, na maturidade existem menos cobrança e ansiedade. ´´E juntos estamos construindo essa parceria na nossa agência. O mercado publicitário ficou muito tempo parado em Piracicaba, se comparado a outras cidades da região. Enfrentamos dificuldades, mas nunca desistimos, e hoje vivemos um outro momento, bem mais produtivo e de acordo com a gente´´, conta Neto.
 
O casal tem como música-tema do romance Since I’m Been Loving You. Entre os filmes, gostam mais daqueles que falam de viagem, como Meia-Noite em Paris, de Woody Allen, e Sob o Sol da Toscana, região para onde foram no final de maio.
 
Amor de flashback
A arquiteta Silvana Bordenale e o radialista Ary Jones, ambos de 50 anos, não tinham maiores planos para aquela noite de abril de 2012 no clube do Sindicato os Metalúrgicos, a não ser curtir uma balada saudosista. Ele é quem promove o encontro, dedicado a um público maduro, mas ela lembra que só aceitou ir depois de muita insistência das amigas. ´´Eu nem estava muito animada, pois era separada há apenas um ano. O detalhe é que eu tinha visto, uns dias antes, a foto dele no Facebook, como sugestão de amigos, e tinha me chamado a atenção. Quando chego lá, dou de cara com ele´´, conta.
 
A atração, reforça Ary, foi imediata. Mas ela conta que fez ‘jogo duro’ no começo. ´´Só aceitei sair com ele depois de 40 dias. Eu tenho duas filhas, tenho de pensar nelas e também me preservar´´, explica. A espera valeu à pena, pois logo de cara Ary a pediu em namoro e disse que pensava em compromisso. “Eu fiquei até assustada, porque fazia tempo que não me
pediam em namoro. Ele até disse que me dava um tempo para pensar. Mas falou que, no máximo, eram dois dias.´´
 
De acordo com Ary, que já teve dois casamentos e é pai de dois filhos dos relacionamentos anteriores, um amor maduro só tem vantagens. ´´A maior vantagem é você ter uma mulher preparada e resolvida do seu lado. E eu sei que não é fácil porque, por conta da minha profissão, e eu atuo no rádio e na televisão, acabo sendo muito assediado. E ela entende
esse lado´´, afirma. 
 
Atualmente os dois moram em casas separadas, mas de segunda a sexta-feira. No final de semana, ele se muda para a casa dela e já tem uma relação de padrasto com as duas filhas da arquiteta, Bruna e Victoria. Casamento, pelo menos aquele convencional, não faz parte dos planos imediatos do casal. ´´Eu sinto que casamento é essa convivência que já temos. Eu sou muito independente, ela também. Nossos horários são diferentes. Por isso acho que está bom assim, cada um na sua casa. Mas não descartamos a possibilidade para o futuro´´, declara.
 
Silvana concorda. ´´Acho que o que acaba com o casamento é a rotina, não a convivência. E isso estamos evitando. Mas sempre procuramos estar juntos. Apesar dos horários diferentes, almoçamos e jantamos juntos todos os dias. Assim fica mais leve, tanto que eu o chamo de meu ‘namorido´´, conta.
 
Amor de Carnaval
O namoro da psicóloga Marisa Matavelli, 53, e do químico Matheus Fernando Correa, 38, começou no sábado de Carnaval de 2011. E em pleno desfile do Cordão do Mestre Ambrósio, famosa agremiação carnavalesca piracicabana. “Ela me chamou a atenção logo de cara, mas não estava sozinha, e sim, acompanhada pela irmã. Choveu muito e acabamos perdendo o contato naquele dia´´, lembra Matheus.
 
No dia seguinte, eles voltaram a se ver no Largo dos Pescadores, na Rua do Porto. ´´Eu sempre fui muito festeira, gosto de sair, de Carnaval também. Mas, sinceramente, não estava
procurando nada. Acho que é nesses momentos que a vida nos surpreende´´, conta Marisa. Na segunda vez, eles conversaram, mas Marisa disse que iria acompanhar as amigas e voltaria. Não voltou. Queria ver se ele realmente tinha ficado a fim. E ficou mesmo. ´´Eu fiquei o tempo todo querendo saber mais sobre ela. Só
sabia o primeiro nome e a profissão. Cheguei a perguntar para a esposa de um amigo, que também é psicóloga, se sabia algo sobre ela´´, revela.
 
Matheus soube que ela gostava de ir ao Bar do João. ´´Fui numa sexta-feira à noite e adivinha quem foi a primeira pessoa que vi, logo na porta?´´. Pergunta fácil de responder. O que
ficou mais difícil foi ‘chegar’ à mesa de Marisa, que estava novamente acompanhada pelas amigas. Mas logo ela facilitou a aproximação. Aí trocaram telefone, mas ele precisou ter paciência, pois ela estava de viagem marcada para João Pessoa (PB).
 
Na volta, eles logo se entenderam e hoje moram juntos, apesar de ainda não terem preocupação em oficializar a relação. Matheus já foi casado e tem uma filha, e Marisa nunca se casou. ´´As vantagens do amor na maturidade são muitas. Tudo é mais equilibrado e tranquilo porque as expectativas são menores. Existe mais harmonia e menos cobrança´´, explica
Marisa. ´´As vantagens de uma relação adulta são claras. Nós combinamos nunca deixar um problema de um dia para o outro sem ser discutido. Não vamos dormir sem conversar antes se existe alguma coisa incomodando um dos dois. E isso facilita muito´´, destaca Matheus.
 
Porém, apesar disso, eles não gostam de decisões definitivas, e pode ser que em novembro do ano que vem, quando ele fará 40 anos, seja uma data propícia para selar a união. ´´Nós dois somos de Escorpião, mas eu sou mais calma, ele é mais explosivo e atirado, o que ajuda numa relação”, declara a psicóloga. E o jeito como eles acabaram se aproximando revela exatamente isso. O casal tem uma música-tema, escolhida por ele: A Minha Menina, de Jorge Ben Jor, e gravada pelos Mutantes.
 
´´Ela é minha menina, eu sou o menino dela/ Ela é o meu amor e eu sou o amor todinho dela/ A lua prateada se escondeu/ E o sol dourado apareceu/ Amanheceu um lindo dia, cheirando a alegria/ Pois eu sonhei e acordei pensando nela.´´
 

 

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