Teixeirada faz 70 anos
Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | ª Edição | Agosto | 2014
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Foto: Alessandro Maschio e acervos de José Luiz Tonin e Balú Guidotti
Por Ronaldo Victoria
Antigo clube recreativo e de natação era o principal espaço de lazer dos montealegrinos
Quem nasceu ou vive há muitos anos no Monte Alegre não se esquece da Teixeirada. Esquisito para alguns, o nome ainda provoca suspiros de saudade em muita gente. Era o Clube Recreativo e de Natação Teixeirada, fundado há 70 anos no bairro, às margens do rio Piracicaba.
Sobre o nome, a teoria mais aceita é de que ele se refere a um dos primeiros frequentadores, um pescador de sobrenome Teixeira que tinha dois costumes: preparar saborosas peixadas e beber cerveja. Com o tempo, Teixeirada passou a designar o programa. ´´Você vai à Teixeirada hoje?´´ era a pergunta e, com o tempo, o nome ficou oficial.
O clube foi fundado em 1944, mais precisamente no dia 26 de novembro. Nos primeiros anos, era uma espécie de ‘Clube do Bolinha’, frequentado apenas por homens, num passatempo parecido com os encontros masculinos nos ranchos de pescaria, onde as mulheres também não entravam. Nomes famosos de Piracicaba como o monsenhor Martinho Salgot e o jornalista Delphim da Rocha Netto chegaram a comparecer.
Depois, com a chegada da frequência feminina, a Teixeirada se transformou em clube familiar. O estilo mudou totalmente, com estatuto próprio e triagem dos sócios. Só era possível
a quem fosse apresentado por outro sócio. Como a sede ficava à beira do rio, este fazia as vezes de ‘piscina’, mas havia também quadras de futebol e de basquete. A instalação funcionou até os anos 80, quando a Usina Monte Alegre foi vendida ao Grupo Monte Belo.
O calendário de festividades da Teixeirada era intenso, com programação em quase todas as datas, em especial no Natal e nas festas juninas. Foi esse clima que inspirou o jornalista Cecílio Elias Netto a dedicar a coluna Bom Dia, no Jornal de Piracicaba do dia 8 de dezembro de 2002, à Teixeirada. ´´A Teixeirada, em Monte Alegre, escondida entre jambolões, a mata preservada, continua reserva de serenidade, como que um santuário, lugar de devaneio. Emocionei- me, insisto. E fui à procura da escadinha que levava ao rio, os botes, o motor, as canoas. Mulheres, crianças, meninas, adolescentes, ficavam jogando peteca ou fazendo piquenique na quadra de cimento. Estendiam-se toalhas de tecido xadrez, bolos de fubá, pão com queijo, gengibirra. No barranco, enterravam-se melancias que, milagrosamente, ficavam quase que geladas, estalando nos dentes. Os mais fortes iam para o rio. Na Teixeirada, tinha-se a visão do paraíso.´´
Boas lembranças
Maria de Fátima Rodrigues, secretária: ´´Frequentei a Teixeirada desde que nasci. Era simples, como uma casa à beira do rio. A gente ia a todas as festas e lembro muito das quadrilhas das festas juninas. A Teixeirada reunia o pessoal todo do bairro e vinha até gente da cidade. Tenho muita saudade das festas do Dia da Criança, sempre muito animadas. E havia muita coisa para se fazer, campeonatos de bocce, de malha. As crianças jogavam queimada. Com o tempo acabou sendo fechada.´´
José Luiz Tonin, aposentado: ´´Naquele tempo, o Monte Alegre tinha a Teixeirada e o UMA (União Monte Alegre) para a gente se divertir. Eu frequentava os dois. Eu gostava mais da Teixeirada, onde a gente podia ir com toda a família. Era muito bom, uma sociedade familiar, em que todo o mundo se conhecia, se dava bem. Mas tinha regras, era preciso saber se
comportar. Eu sempre fui muito ligado ao rio e por isso gostava demais de ir lá. O nosso rio era limpo. Eu gostava de todas as festas e tenho grande saudade, a maioria do pessoal daqui sente falta.´´
Maria Dirce Lacorte, professora aposentada: ´´Eu fui algumas vezes à Teixeirada com meu pai, Eduardo Fernandes, que teve uma atuação muito grande no Monte Alegre. Não fui tantas vezes, mas sempre senti que era muito divertido. Os almoços que aconteciam por lá eram animados.´´
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