Fazemos acontecer

Orquidário faz 50 anos

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 17ª Edição | Dezembro | 2014
Foto: Alessandro Maschio

Poucas pessoas sabem, mas a Esalq tem o terceiro maior orquidário do Brasil

Você sabia que Piracicaba tem o terceiro maior orquidário do Brasil em relação ao número de plantas? É o Orquidário Paulo Sodero Martins, que fica no departamento de genética da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e que completou 50 anos de funcionamento.
 
Tudo começou em 1964, por iniciativa do professor Friedrich Gustav Brieger, alemão radicado no Brasil, famoso por suas pesquisas de ponta na área de melhoramento vegetal, e que dá nome ao prédio do departamento. Já o orquidário ganhou o nome de um dos mais famosos chefes do departamento da escola. O orquidário é reconhecido não apenas pelo tamanho, afinal hoje conta com aproximadamente 40 mil vasos. Mas também pela variedade, pois oferece mais de 1.000 espécies.
 
A novidade é que o local vem passando por reforma para melhorar não apenas o trabalho, mas também o atendimento ao público. O amplo espaço vai ser totalmente reformulado a partir de novembro e só deve estar pronto por volta de março de 2015. ´´Era necessário porque já faz mais de dez anos que o orquidário não passa por uma obra. Vai ser feita uma reforma ampla, com a troca das estruturas de madeira e da tela que recobre o orquidário´´, conta o técnico Josué Lemos de Pontes, que trabalha há 30 anos no local, e hoje conta com um assistente.
 
Mesmo com esse período de adaptação, as visitas monitoradas ao local continuam, e acontecem às quartas-feiras, mediante inscrição prévia dos interessados. ´´Estamos recebendo
mais visitas individuais do que coletivas, geralmente de escolas´´, conta Josué. Porém, ficarão temporariamente suspensas as vendas de flores, que aconteciam às quintas-feiras. Nos dois casos, o período é de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 16h.
 
Coisa rara
Com tanta experiência em orquídeas, Josué afirma que existem muitos aficionados pela planta por causa de sua característica especial. Trocando em miúdos, ela nada tem de comum. ´´Se ela florescesse todo mês seria comum. Mas o caso é que acontece uma vez por ano. Então, quem cultiva fica esperando essa floração, e esse é o charme de cultivar orquídea´´, conta o técnico.
 
A seca que vem ocorrendo em todo o Estado de São Paulo também afetou o orquidário, que em outubro não estava tão florido quanto era de se esperar. ´´Mesmo a orquidea não precisando muito de água, o índice pluviométrico deste ano ficou bem mais baixo que o desejável. A planta precisa mesmo de claridade e de um ambiente ventilado. Ela sobrevive até mesmo no sereno´´, explica Josué.
 
Essa resistência é outra atração da planta, que tem bastante água guardada em seu bulbo. Josué conta que a orquídea é bastante valorizada por conta de sua variedade. ´´Há espécies muito raras e que só você tem. Em alguns casos, a planta pode chegar a R$ 20 mil ou até R$ 50 mil. Mas esses são casos raros. Aqui nós vendemos mais as espécies básicas, que custam de R$ 15 a R$ 20 o vaso´´, informa.
 
Os maiores destaques, porém, são espécies raras, algumas que nem se encontram mais em outros locais. Tudo por conta do trabalho desenvolvido pela Esalq no setor. Entre essas espécies raras, Josué cita a Bubofilia Pupurorarkis. Outro exemplo é a Maxilaria Enifolia, que vem da Ásia, tem uma pequena flor misturada de amarelo e marrom e seu diferencial é uma fragrância bastante acentuada.
 
Josué conta que o trabalho no orquidário é grande, com irrigação das plantas duas vezes por semana. Mesmo com esse cuidado, ele explica que nada substitui a água da chuva. Por isso, a situação tem ficado um pouco pior nos últimos meses. Com tanto tempo de atuação, ele revela que as orquídeas mudaram sua vida. ´´Mudaram em vários sentidos. Eu gosto de ajudar os alunos em seus trabalhos para a cadeira de botânica. Isso é no campo profissional.
 
No campo pessoal, tanto tempo trabalhando com orquídeas me deixou mais calmo´´, declara, lembrando que a planta une beleza e sutileza. Ele só lamenta não cultivar orquídeas em casa, por causa do pequeno espaço. Porém, nem precisa fazer ‘lição de casa’, já que ele costuma trabalhar no orquidário até nos fins de semana e nos feriados.

 

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