Tutti do bem - Uma década da Avistar

No ano que vem, a Avistar, organização não-governamental que tem como foco de trabalho os deficientes visuais, completa dez anos de fundação em Piracicaba. A entidade foi criada no dia 5 de julho de 2005 e continua em pleno atendimento, agora em novo local, numa ampla casa da rua São José, no Bairro Alto.

 

O público-alvo são pessoas cegas ou com baixa visão, e sem limite de idade, podendo ir do nascimento à Terceira Idade. Mas os atendidos não podem apresentar outro tipo de deficiência associada (por exemplo, intelectual ou auditiva). Hoje, a Avistar acolhe 50 usuários, sendo o mais novo com cinco meses e o mais velho com 89 anos.

 

De acordo com a diretora, Andréa Cancelieri, a Avistar tem como base a multiplicidade de atuação, levando em conta a idade da pessoa e o quadro clínico apresentado. ´´Existem atividades motoras voltadas à habilitação e à reabilitação, como as aulas de orientação e mobilidade, as atividades motoras, as atividades de vida prática, o acompanhamento pedagógico e psicológico, além da intervenção precoce´´, enumera.

 

Essas, segundo Andréa, são as intervenções voltadas para a parte fisiológica. Existem outras, tão importantes quanto. São as ligadas ao lazer e às artes, como as aulas de tear, cerâmica e pintura, além do curso de informática, que capacita o aluno a utilizar o computador por meio de um programa de voz chamado Virtual Vision. ´´Os usuários passam antes por processo de triagem e avaliação com os nossos profissionais. Assim, estabelecem em conjunto com a equipe as melhores atividades para seu desenvolvimento´´, diz a diretora.

 

A informática, de acordo com ela, é a única que capacita para o mercado de trabalho, já que a ONG não desenvolve atividades profissionalizantes. ´´Se o usuário ingressar numa empresa, nossa equipe vai até o local e capacita os funcionários a recebê-lo de forma adequada. E também auxilia em algumas modificações que precisem ser feitas.´´ Andréa destaca que ainda falta bastante para que Piracicaba seja considerada uma cidade inclusiva aos deficientes visuais. ´´Falta melhorar a qualidade das calçadas, diminuir as dificuldades arquitetônicas (lixeiras, orelhões, árvores com galhos baixos) e também colocar piso tátil e sinais sonoros.´´

 

Atualmente, o gasto médio mensal da entidade é de R$ 14 mil. Andréa conta que garantir o funcionamento é uma batalha contínua. ´´Sobrevivemos com alguns recursos vindos de verbas municipais (Fundo Municipal de Assistência Social e Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), emendas parlamentares esporádicas, recursos vindos da Nota Fiscal Paulista, mas principalmente de eventos como bingos, café solidário, ação entre amigos, venda de pizza, além das doações de empresas e pessoas físicas´´, enumera Andréa. A Avistar também participa da Festa das Nações, com a Barraca do Japão, e o lucro alcançado garante dois meses de funcionamento.