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Design e arte em papel

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 18ª Edição | Fevereiro | 2015
Foto: Marcelo Gimenes

Texto e fotos: Marcelo Gimenes

marcelo@gimenes.eu
 
Os chineses podem ter sido os primeiros a utilizar papel como forma de revestimento para suas paredes, 200 anos antes do Salvador nascer, mas, como sempre, foram os franceses que deram seu ar da graça ao produto, transformando-o num dos detalhes de decoração mais cobiçados pelas fashion victims (vítimas da moda) do final do século 18.
 
Mas naquela época, papel de parede tinha outra cara. Tudo feito à mão, fruto das últimas tecnologias habilmente ‘conquistadas’ dos chineses por comerciantes árabes que não mediram esforços para sua comercialização pelo continente europeu.
 
Sua propagação foi lenta, assim como sua aceitação. Com temática sempre chinesa (daí o termo chinoiserie), até o século 16 a oferta era limitada assim como os desenhos oferecidos. Mas, para nossa alegria, o então regente francês Francisco 1º convida artistas renascentistas italianos a se instalarem na França, surgindo assim novas estampas nos papéis de parede, desta vez totalmente europeias.
 
Mas foi mesmo em 1870 que o francês Juan Zuber instalou, em Rixheim, na França, uma fábrica de papel de paredes que funcionaria até 1939, e iria revolucionar o mundo da decoração.
As paredes, até então, eram adornadas com tapeçarias retratando paisagens, o que não só oferecia uma solução estética para a decoração, mas, sobretudo servia como camada de
proteção contra o frio nos interiores dos palácios. Mas nem todos tinham palácios, tampouco os meios para aquisição de tapeçarias exóticas em materiais de luxo.
 
No final do século 18 surgem no mercado os papéis de parede panorâmicos da Zuber, com técnicas de impressão aperfeiçoadas com o uso de corantes. E, como se pode entender,
tudo era feito à mão. Desde o fundo colorido aos detalhes mais insignificantes. Inicialmente, as pinturas eram feitas manualmente por artesãos, depois evoluíram para grandes carimbos de madeira decorativos que, depois de entalhados por artistas, eram embe- bidos em tinta para imprimir os desenhos em sequência.
 
Baseados em passagens históricas, os painéis da Zuber ainda causam hipertensão nos colecionadores e aficcionados. Com a indústria, o papel de parede se transforma em produto de massa, deixando pra trás um passado de glória. Novas tecnologias, novos materiais e um mercado de consumo descartável fizeram com que a produção de papéis de parede crescesse e tornasse possível sua aquisição para todas as camadas da sociedade.
 
Com uma influência cada vez maior na decoração, o papel de parede é prático, causa efeito com rapidez e oferece uma sensação de aconchego e luxo. Sem contar as vantagens
acústicas e de isolação. O papel cria um ambiente, transforma suas funções e acolhe. Junto com a imigração europeia, no final do século 19, o papel de parede também aterrissa
em terras tupiniquins. Até 1930, a importação de papel de parede era pequena em virtude dos altos custos. Com a modernização da indústria brasileira, nos anos 60 e, por consequência, os baixos custos, o papel tornou-se popular como revestimento decorativo de paredes.
 
Hoje, com uma visibilidade cada vez maior e com a chegada de técnicas de impressão digital de alta qualidade, as estampas de papel se tornaram infinitas. Tudo é literalmente possível
e o papel de parede revive, assim, mais uma história de sucesso. E quando a procura é grande, a oferta se apresenta.
 
FEITO À MÃO
Especializada em estampas exclusivas para papel de parede, a holandesa Snijder&CO deu um passo à frente e voltou no tempo. Inspirados pelas tapeçarias do século 18, os artistas da Snijder&CO desenvolveram uma nova coleção de papéis de paredes pintados à mão, utilizando técnicas de ponta, novos materiais e tintas de alta qualidade como Farrow & Ball, Little Greene e IJM Colour Amsterdam, incluindo fundo metalizado em dourado. Para os mais corajosos, folhas de ouro ou prata também estão disponíveis.
 
A equipe de artistas da Snijder&CO vem trabalhando há mais de um ano no intuito de aperfeiçoar essa técnica antiga de pintura e impressão. O resultado é, sobretudo, contemporâneo
e surpreendente. Ricas em detalhes e inspiradas na natureza, as estampas são únicas e feitas sob encomenda. As faixas de papel de parede têm 75 cm de largura e 310 cm de altura,
e são feitas à mão desde a cor de fundo. A liberdade de escolha das estampas e das cores e opção de personalização do produto torna a coleção única no mundo de interiores. (Para a
Primavera de 2015, a Snidjer&CO prepara uma série especial de papéis pintados à mão, digitalizada e impressa em alta resolução com tiragem limitada!)
 
´´É um trabalho minucioso e demorado, mas cada faixa de papel de parede pintado a mão é feito com muito amor, atenção e respeito à profissão. Os desenhos são inspirados em plantas
e flores, sem faltar um pássaro ou uma borboleta para acrescentar um pouco de humor e contemporaneidade ao produto´´ – afirmam os artistas.
 
Para facilitar sua compreensão e para se obter uma imagem mais clara do produto final, os artistas oferecem uma maquete do espaço a ser decorado com o papel de parede em miniatura, facilitando dessa maneira eventuais mudanças na estampa ou nas cores. Exclusividade liberdade ao pé da letra. É o que acontece quando arte e design ‘colidem’.
 
Para mais informações: www.snijder-co.nl
Marcelo Gimenes é piracicabano, artista plástico pela Academia de Artes Willem de Kooning em Roterdã e reside há 28 anos na Europa, é diretor criativo da Snijder & CO (www.snijder-co.nl), co-fundador da Barce Foundation (www.barcefoundation.org) colecionador e consultor de decoração assina os projetos da Depot Rotterdam (www.depotrotterdam.nl)

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