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Água e energia: economia já

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 19ª Edição | Abril | 2015

Por Ronaldo Victoria

 
A temporada de chuvas pode ter trazido alívio, mas a crise hídrica é uma realidade que não se pode negar
 
O período bastante chuvoso em Piracicaba, nos meses de fevereiro e março, pode ter trazido aos consumidores uma sensação ilusória: a de que a crise hídrica está melhorando. Nada disso. Os dois rios da cidade, o Piracicaba e o Corumbataí (de onde é captada a maior parte da água) podem estar cheios agora, mas nada garante que isso não irá piorar. Até porque o tempo de chuva termina e logo vem a estiagem.
 
Esse é um grande desafio para os síndicos da cidade: fazer os moradores entenderem que a campanha para economia de água, e também de energia, tem de continuar.
 
Francisco de Assis Gonçalves, síndico do Edifício Ilha Bela, na Vila Monteiro, tem um bom motivo para fazer os moradores acreditarem que é preciso ter um consumo responsável e que o reúso é a melhor saída. Foi aprovado e deve estar em funcionamento em breve o sistema de captação de água da chuva. ´´Já temos pronta a tubulação no prédio e estamos com todo o espaço também pronto para a instalação de quatro caixas, com capacidade para 20 mil litros de água em período de chuva´´, conta.
 
Só falta a entrega das quatro caixas, que foram adquiridas no final de janeiro e no final de março ainda não haviam sido entregues. A razão provável é a demanda maior por esse tipo de equipamento, justamente por causa das notícias a respeito da falta de água. Para o síndico, a grande vantagem que o sistema trará aos moradores se explica matematicamente. ´´Tivemos um investimento relativamente baixo, R$ 20 mil, mas vai permitir que, em funcionamento, a gente tenha uma economia mensal média de 20%, ou seja, R$ 1.200 a menos na conta de água´´, explica.
 
 
 
Fábio Ricardo Gerolamo, do Edifício San Valentin, também tem feito o possível para diminuir as contas de água. ´´Tem de haver conscientização e já estamos atuando nesse sentido há algum tempo. Economizar água é o melhor caminho, já que somos um condomínio pequeno e obras custam caro´´, relata. De acordo com ele, a campanha de conscientização começa a dar resultados práticos. ´´Eu sei de pessoas que estão fazendo reutilização de água, do chuveiro ou da máquina de lavar, para limpeza. Tem sido comum ver gente lavando o carro com água de balde em vez de ficar desperdiçando. Afinal, todo mundo reclama quando vê gente lavando calçada com mangueira, mas se a gente faz coisa parecida acaba perdendo a razão´´, explica.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa questão de ´dar exemplo´ também tem sido seguida no Edifício San Rafaelle, no Centro, onde o síndico é Geraldo Antonio Tosello. ´´Nós temos de fazer a parte que nos toca. Já faz
algum tempo que não estamos mais lavando com água nem as garagens nem as áreas comuns, como a portaria. Adotamos a varrição para dar o exemplo´´, conta.
 
Tosello lembra que o prédio ainda não adotou o sistema de medição individual de consumo de água. Por isso, destaca que a campanha é importante, e tem sido renovada por meio de cartazes em áreas de grande circulação ou por meio de comunicados. ´´Só nesses primeiros meses do ano já tivemos uma diminuição do consumo de água em cerca de 20%´´, destaca. Ao mesmo tempo, a queda no consumo de energia elétrica vem sendo enfrentada por meio de campanha de conscientização e de troca de lâmpadas, por outras mais econômicas,
em áreas comuns. E Tosello garante que já fez diferença.
 
Economia começa no projeto
Se você está construindo ou reformando, vale a pena investir em dispositivos que reduzem o consumo de água e energia. Com um bom projeto e colocando na ponta do lápis você verá que uma peça que custa R$ 30 a mais pode gerar economia anual de mais de R$ 200. Isso com pequenos ajustes no projeto. Imagina se você planejar toda a sua casa para ser econômica?
 
1. Dê lugar aos gramados ao invés de cobrir tudo com cerâmicas. Isso ajudará em vários sentidos: o primeiro é que evita alagamentos na rua, logo, não vai abusar da mangueira para limpar a calçada. O segundo ponto é que isso manterá o conforto térmico do ambiente, uma vez que a cerâmica irá refletir o calor que vai para dentro da sua casa. Assim, será reduzida a necessidade de ventiladores ou outros climatizadores. Você consumirá menos energia elétrica e, por consequência, poupará hidrelétricas e, o pior de tudo, as termoelétricas que tanto poluem e desregulam o ciclo das chuvas.
 
2. Tenha plantas da sua região no jardim para evitar que seja necessário regá-las demais. Você economiza água, pois elas poderão crescer somente com as chuvas, e também não precisará renovar o jardim quando elas morrerem (por conta de não se adaptar ao clima). Uma árvore também é muito bem-vinda aos dias de calor.
 
3. Torneiras com aerador e de baixo fluxo para manter a sensação de muita água ao lavar a louça ou as mãos – é uma ´ilusão´ proveitosa, já que o aerador aumenta o volume que sai da torneira sem manter a mesma densidade de água.
 
4. Escolha chuveiros de baixo fluxo também. Economiza na quantidade de água e, se o chuveiro for elétrico, na conta de energia.
 
5. Descargas de dois fluxos para usar a quantidade de água adequada para o número um ou o número dois.
 
Reaproveitamento da água
6. Água da chuva pode ser aproveitada para lavar roupas, pisos internos, lavar carro, regar plantas e jardins etc. É uma água que só é suja após passar pelo telhado e calhas da casa – neste caso mantenha-os sempre livres de terra e folhas, para não sujar muito.
 
Mude os hábitos
7. Compre menos. Além de economizar seu dinheiro (e ser menos refém do consumo), vai reduzir o impacto hídrico do que consome. A cada simples calça jeans que compra são milhares de litros envolvidos na sua produção.
 
8. Um litro de cerveja requer 5,5 litros para sua produção. Ou seja, não quer dizer que deva se privar de um happy hour, mas que até mesmo neste aspecto há um impacto direto. Enfim,
beba com moderação.
 
9. Reduza seu consumo de carne, pois ela consome muita água para sua produção, principalmente a bovina. Além do mais, no Brasil se costuma desmatar freneticamente para a criação de gado de corte e este desmatamento desregula todo o ciclo das águas do país. Sendo assim, cedo ou tarde (ou já acontecendo), seu prato impactará no volume de chuvas da
sua região. Para ter uma ideia, um simples hambúrguer, de foodtruck ou não, consome 2,4 mil litros de água para ser produzido.
 
10. Recicle o que for possível, pois reciclando você irá ajudar que novos produtos sejam feitos a partir deste material, e não sejam criados do zero em processos que podem consumir muito mais água (além de todo o processo de extração, beneficiamento etc.)
 
11. Óleo de cozinha pode virar sabão se você descartar corretamente. Mas se jogar no ralo da pia vai colaborar para poluir 25 mil litros de água do rio com apenas um litro de óleo. Isto
dificultará o tratamento ou, no pior dos casos, o inviabilizará, ou seja, menos água para ser tratada no futuro.
 
12. Conheça onde nasce o seu rio, que lhe dá de beber, que lhe permite cozinhar e se manter limpo. Conhecer a nascente ou o lago que abastece sua cidade ajudará você a criar mais
empatia pelo sistema hídrico e, certamente, na hora de desperdiçar vai lhe doer o coração.
 
Fontes: www.properati.com.br - portal de venda e locação de imóveis

 

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