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Especial Piracicaba 248 anos - Piracicaba, a eterna musa

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 21ª Edição | Agosto | 2015
Foto: Divulgação

 Por Ronaldo Victoria

Assim como no passado, os encantos da cidade continuam inspirando os artistas
 
Se tem uma coisa da qual Piracicaba não pode reclamar é de artista que se inspira em seus encantos. E isso acontece há muito tempo e em todas as áreas. Na música popular, a música Rio de Lágrimas, composta por Tião Carreiro, Piraci e Lourival Santos (“o rio de Piracicaba/ vai jogar água pra fora!”) acaba de completar 45 anos de sucesso e fez a cidade se tornar ainda mais conhecida em todo o país. Sem contar o hino oficial, de Newton de Almeida Mello, cantado em toda a parte (“Piracicaba que eu adoro tanto, cheia de flores, cheia de encantos”).
 
Nas artes plásticas, basta citar Almeida Junior e os irmãos Dutra, representantes mais famosos de tantos artistas que retrataram nossa paisagem. Na literatura, José de Alencar, o fundador do romantismo moderno brasileiro do século 19, escreveu Til inspirado nas curvas do rio Piracicaba, que ele conheceu quando esteve hospedado no Monte Alegre. O título do livro seria baseado no formato dessas curvas, que o autor achava parecidas com o sinal gráfico. Ainda hoje, a fama de musa eterna de Piracicaba continua em alta.
 
LITERATURA
O jornalista e escritor Cecílio Elias Netto, que acaba de lançar o primeiro volume de uma trilogia com o título Piracicaba que Amamos Tanto, assume que a cidade é sua maior inspiradora. “Acho que isso acontece com a maioria dos escritores. A geografia, a história, a paisagem humana impregnam a imaginação, até mesmo quando se trata de ficção”, diz Cecílio, que não sabe exatamente o número de livros que escreveu. “Calculo que sejam 23. Digo isso porque, depois que os publicam, eles não são mais meus.”
 
Ele já começou causando polêmica com as duas primeiras obras, claro, ambientadas na cidade. A primeira, Um Eunuco para Esther, era urbana, e a segunda, Bagaços da Cana, fala sobre a principal cultura agrícola da cidade. “Bagaços da Cana rendeu muita polêmica por ser ambientado em usinas no período pré-golpe militar. Muitas pessoas se identificaram e tive problemas. Pior, porém, foi com o primeiro, baseado numa história real. Fala sobre um jovem que assume a ho-mossexualidade, em 1965. Teve repercussão nacional (negativa, né?), por ser um assunto tabu”, lembra.
 
Prestes a completar 50 anos de literatura, ele planeja lançar este ano o sexto volume do Dicionário Caipiracicabano – Arco, Tarco, Verva com novas palavras e expressões. No ano
que vem, lança o segundo volume das memórias da cidade. “É um trabalho exaustivo, mas compensador. Descubro e redescubro aspectos, acontecimentos e personalidades que foram esquecidos. E me convenço cada vez mais de Piracicaba ser uma cidade singularíssima, nada a ver com as banalidades que vemos hoje por aí. Esse contraste do que fomos e do que temos é angustiante.”
 
PINTURA
Denise Storer define a sua arte como um diário. Ela costuma pintar lugares e pessoas que a emocionam e lhe dizem algo importante. Claro que Piracicaba, sua cidade natal, sempre teve destaque nesse diário. “É minha terra natal, onde sempre vivi. Portanto, sempre a retratei em meus trabalhos, já que ela é o cenário das minhas histórias de vida desde a infância.”
Apesar de já ter retratado dezenas de cenários, o rio Piracicaba, ‘protagonista da cidade’, é o que mais aparece. “É onde tudo começou, desde a primeira habitação e como fonte de alimentação e transporte dos primeiros habitantes. É onde nos inspiramos pela eterna beleza; passeamos, sorvendo a energia das águas em movimento; meditamos, sentados às suas margens, deixando a vida passar sem pressa; assistimos suas festas coloridas, ouvindo os rojões ou músicas de seus festivais”, define a artista. 
 
Denise pintou Piracicaba não só em aquarelas, pelas quais é mais conhecida, mas também em óleo sobre tela, acrílicos e desenhos. “Dentre minha produção, que deve estar em torno de 3.000 obras e estudos, produzi várias centenas de trabalhos sobre a cidade. Tenho em torno de 300 deles fotografados em meus arquivos”, conta. Sempre com um olhar atento sobre a cidade, Denise agora pensa em retratar a escola Sud Mennuci, onde estudou, e que “tem uma arquitetura impressionante”, como define.
 
“Sempre há lugares e recantos que nos passaram despercebidos e que nos chamam a atenção em algum momento.”
 
POESIA
O poeta Ésio Antonio Pezzato também não esconde que Piracicaba é uma de suas maiores inspirações. “Piracicaba me inspira há muito tempo. Muito tempo mesmo, há mais de 40 anos, pois tenho em meus guardados alguns poemas inspirados pela cidade quando ainda era garoto”, conta Entre os mais significativos, Pezzato cita o poema O Salto, que faz parte de Os Caipiras, criado por ele em 1992. Um canto do poema, intitulado A Beira-Rio, é composto por 105 estrofes em oitava rima. “Além desse, posso citar também o livro Contemplação, que tem 80 sonetos inspirados na Noiva da Colina. Nele cito diversos pontos e momentos de nossa cidade”, destaca o poeta.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
   
  
MÚSICA
Foi em 2003 que a banda Os Pamonheiros, formada em Piracicaba, começou a divulgar seu som novo, que o guitarrista e vocalista Fabiano Mazzilli define como rock caipira. “É um pouco diferente do rock rural que fez sucesso nos anos 70. A gente faz um cruzamento de rock com o estilo sertanejo de raiz, ou os ‘modões’, como o pessoal chama”, diz Mazzilli. Nos shows da banda, é comum a participação de músicos como Milo da Viola e de grupos de catira. O repertório costuma incluir clássicos de Tonico e Tinoco ou de Tião Carreiro e Pardinho. A influência piracicabana é evidente, já que os integrantes são todos daqui, como o baixista Renato Chiarinelli.
 
Quase todas as músicas compostas por ele têm um inevitável toque ‘caipiracicabano’, assume Mazzilli. Dentre todas, ele destaca A Moda da Boia. “Essa tem o estilo moda de viola e fala de coisas como acordar com chuva, pegar a boia e ir para o rio. É um de nossos maiores sucessos.”
 
Tava em casa descansando numa manhã de domingo quando acordei com a chuvarada que batia na janela lá da cozinha vinha o cheiro dos bolinhos de polvilho que a minha avó fritava às vezes e dava inveja nos vizinho Não ligo muito pra TV, fui espiar a chuva caindo é outro tipo de beleza não se vê sol nem passarinho fiquei parado espiando a enxurrada que formava
imaginando quanta água estava no Piracicaba E foi aí que decidi parar com tanta morgação e fui pro salto de magrela levando o meu boião esse boião que no passado já cuidou da plantação hoje não tá mais no trator e é a minha diversão (Trecho da música A Moda da Boia, de Fabiano Mazzilli)

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