Nossos mercadores
Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 23ª Edição | Dezembro | 2015
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Foto: Guilherme Miranda
O mais atilado ou despercebido dos seres sabe que da vida o que se leva são especiarias do coração acondicionadas nos armazéns da alma. No atacado ou varejo, as necessidades de nós são semelhantes nos cantos tantos deste planeta – distinguem-se, volta e meia, algumas poucas convenções. No entanto, fibra e altruísmo são ingredientes essenciais ao bem viver... Pura filosofia esse ‘nariz de cera’ todo!
Bem! Vamos lá: alegre, iluminado, saudável, cheio de cheiros atraentes, agregador e colorido. Dentro dele, do que tem não falta nada. E foi pelas mãos de vanguardistas como Prudente de Moraes que o Mercado Municipal de Piracicaba estratificou-se, para conforto de todos, no centro da cidade. Há quase 130 anos o nosso Mercadão segue firme e forte no mesmo front a comercializar bens, razão esta do surgimento dos mercados mundiais desde as primeiras feiras medievais. O MMP é um local de prestação de serviços indispensáveis à socialização.
Tanto que garante batente a gente que gosta de lidar com gente e que sabe madrugar, para fornecer saúde e alegria. Lá pessoas se encontram, se reencontram, proseiam — de domingo
a domingo.
O espírito mercador foi fortemente demarcado nas Cruzadas, depois da derrocada do feudalismo europeu. Esse movimento ajudou a alavancar e expandir atividades comerciais, fortalecendo toda riqueza em circulação do Oriente ao Ocidente e vice-versa. Séculos à frente, Piracicaba se fez mais forte na geopolítica e economia regional justamente ao construir e manter em suas cercanias o seu celeiro de mercadorias e provimentos, hoje patrimônio histórico do município. Entretanto, voltemos à nossa conversa a granel sobre quitutes, pimentas, massas, doces, pamonhas, sucos, carnes, queijos, peixes, flores, utensílios para casa, fumos de corda, coadores de pano, chapéus de Por Paulo de Tarso Porrelli palha, materiais de jardinagem, cordas, hortifrutigranjeiros, ervas, frutas secas, sementes e tantas deliciosas maravilhas lá do Mercadão de Pira. Pensamos até ser impossível existir um piracicabano, nato ou não, e em sã consciência, que fique muito tempo sem os pasteis de queijo e o cafezinho de bule que, bem sabemos, somente lá encontramos.
Ademais, degustar iguarias assim é tão pitorescamente omântico quanto saborear um pastel de Santa Clara e tomar uma ‘bica’ numa esplanada à beira do Tejo lisboeta. Ser mercador no Mercado Municipal de Piracicaba é questão de estilo. Ora, pois!
Paulo de Tarso Porrelli é jornalista e diretorpresidente da Educativa FM 105,9 MHz.
tarsoporrelli@folha.com.br
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