Da Finlândia com amor
Foto: Marimekko.com
Empresa cria produtos de vanguarda, belos, e não sujeitos às mudanças de tendência
Finlândia conhece bem o significado da palavra escuridão. Escondida no norte da Europa entre a Suécia e a Rússia, o país conta com pouco mais de 5 milhões de habitantes e é em área o oitavo maior da Europa.
Em contrapartida, é o país menos povoado de toda a União Europeia, com uma média de 17 habitantes por quilômetro quadrado (a Itália, por exemplo, conta com 204, e a Holanda com 434). Um quarto do território finlandês situa-se ao norte do Círculo Polar Ártico, onde é possível apreciar o ‘sol da meia-noite’, o que significa que no ponto mais setentrional da Finlândia, o Sol não se põe durante 73 dias no Verão e não nasce durante 51 dias no Inverno.
Nesse habitat hostil, quando o país ainda se reconstruía da Segunda Guerra Mundial, a designer Armi Ratia criava, em 1951, a empresa de têxteis Marimekko.
A filosofia é simples: ‘Criar produtos belos, de vanguarda, porém, não sujeitos às mudanças de tendências’. Os produtos da Marimekko são de cores vivas e dinâmicas, uma contra-reação ao clima rústico e uma visão positiva dos problemas até então enfrentados pelo país durante a guerra.
Mas foi mesmo em 1960 que a fama chegou. A capa da revista americana Sports Illustrated, do mês de dezembro, exibia uma foto do candidato a presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy, em companhia de sua esposa, o ícone mundial da moda Jacqueline Kennedy. E ela vestia um vestido da Marimekko.
O resto ficou por conta da mídia americana que providenciou nada menos que 400 publicações em jornais e revistas posicionando Marimekko no mercado mundial como sinônimo de bom-gosto.
Hoje, 60 anos mais tarde, Marimekko goza de uma reputação respeitável e seus produtos de design prático criam experiências estéticas para todas as idades. Dos têxteis à porcelana, de roupa de cama a jóias, seus produtos escondem uma elegância natural e sem pretensões com estampas que perduram por mais de meio século. Coincidência? Certamente que não. Marimekko entendeu desde cedo que a força que dá movimento ao sucesso se chama qualidade. E tendências só são úteis quando não se tem um estilo próprio. Manter o curso e produzir qualidade são a chave de todo bom empreendimento.
Marcelo Gimenes é piracicabano, artista plástico pela Academia de Artes Willem de Kooning em Roterdã, colecionador e consultor de decoração na Depot Rotterdam (www.depotrotterdam.nl) diretor criativo da Snijder & CO (www.snijder-co.nl), co-fundador da Barce Foundation (www.barcefoundation.org) e reside há 25 anos na Europa.
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