Arte Milenar

 

 

Feito à mão. Hand made. Produto artesanal. Depois da tecnologia permitir a produção em série e de nos fartarmos de produtos absolutamente padronizados, nós consumidores reivindicamos a volta da exclusividade! Tudo o que é produzido artesanalmente volta a ter muito mais valor por ser único. Por isso, a cerâmica artística anda cada vez mais em alta. Inventada em 25.000 a.C., essa arte milenar tem, em Piracicaba, suas ilustres representantes. Fomos conversar com quatro artistas que nos contam sobre a paixão de moldar a argila e tudo o que aprendem com ela.

 

Ela dedica sua vida à divulgação da arte em cerâmica. Referência na cidade, Lucia Portella transmite seus conhecimentos de 35 anos de carreira ministrando aulas e dedicando-se atualmente à produção de esculturas contemporâneas – frequentemente é possível ver suas exposições em pontos culturais da cidade, como o Centro Cultural Martha Watts. Para a artista precursora na cerâmica, em Piracicaba, as possibilidades da técnica representam a total liberdade. “Muitas coisas na vida são impostas. O ato de moldar a argila da maneira que quiser é se libertar das amarras da vida”.

 

Lucia entrou em contato com cerâmica em 1979, depois que a técnica foi apresentada por japoneses como arte no país, em Cunha (RJ, 1975). A primeira atitude dela foi buscar um curso em São Paulo e, a partir daí, para nunca mais se separar da cerâmica – nem mesmo a graduação em biologia conseguiu. Até hoje Lúcia participa de workshops, mas ainda se ressente da pouca valorização cultural no Brasil e o tímido desenvolvimento do segmento em âmibito nacional quanto à qualidade de cursos disponíveis e matérias-primas.

 

“A internet trouxe acesso e divulgação da cerâmica, mas as informações não são completas. O processo da argila até a finalização de uma peça é muito complexo, demora em média um mês e meio. Por isso, eu gosto mesmo é de dar aulas e produzir minha cerâmica contemporânea. Em meus cursos, não imponho nada ao aluno, apenas ensino técnicas a partir de uma leitura que faço do perfil de cada um deles. O segredo para desenvolver um bom trabalho é amar o que faz. A cerâmica não aceita imposições”.

 

 

A cerâmica entrou na vida de Magda Trevelin como uma terapia e acabou se tornando uma paixão. “Na época, recebi a sugestão de procurar uma atividade em que eu usasse as mãos. Fui a uma exposição de arte em cerâmica na Unimep e fiquei encantada. Foi aí que eu me decidi”, conta. 

Formada em administração, Magdatrabalhava na empresa da família, período no qual a cerâmica figurava como um hobby em sua vida. “Mas chegou um momento em que eu precisava de autonomia para trabalhar com a cerâmica. Decidi, então, ter meu próprio ateliê”, relata. Em 2012, Magda realizou seu sonho com o Ateliê Espaço Joaninha, num imóvel charmoso no tradicional e histórico bairro Monte Alegre.

 

Lá, Magda dá aulas, cursos pioneiros (torno e formulação de vidrados) e cria com liberdade suas peças. “Tenho preferência por trabalhar com utilitários. Gosto de criar coisas que eu não encontro normalmente e adoro reinventar peças”, explica. Ela destaca os vasos decorativos (pendentes ou com suporte) e as peças voltadas ao segmento gourmet, como pratos, bowls, copos, xícaras, que podem ser compradas no local.

 

A cerâmica, na visão da artista, vai muito além da arte. “Ela tem uma finalidade terapêutica e ensina a arte da paciência, da persistência, concentração, observação e da aceitação de resultados indesejados". Uma peça de cerâmica leva mais de um mês para ficar pronta e não podemos atropelar as etapas de produção”, afirma.

 

 

 

Produção diversificada, bem como as matérias-primas empregadas. Cleusa Peron faz sua cerâmica de alta temperatura com um mix de argila e outros materiais, como madeira, tecido e ferro. “Também uso o que encontro na natureza. Sou fascinada por folhas. Tenho uma atração especial pelas mandalas e bijuterias, pois, sinto-me à vontade para expressar minha criatividade. Todo pensamento e sentimento se materializam numa criação.”