Incontinência, não! | Ser saudável

 

Não! Não é normal ter incontinência urinária. Muitos acreditam que a falta de autocontrole ‘na hora de ir ao banheiro’, mesmo que pequena, possa ser aceitável à medida que a idade avança. Mas, não é. A perda involuntária de urina pode surgir em qualquer idade, e é bem frequente após os 60 anos, acometendo de 30% a 60% da população, incluindo mulheres e homens. A boa notícia é que há cura e 80% das pessoas com este problema conseguem grandes melhoras com fisioterapia e outros tratamentos, dependendo da causa da incontinência.

 

“Apesar da estatística considerada alta para incontinência urinária, poucos procuram o médico. Isso acontece porque ou se envergonham pela situação ou desconhecem o tratamento. A perda de qualquer volume de urina, seja homem ou mulher, afeta a qualidade de vida, a condição psicossocial e tem repercussão grande em vários aspectos do dia a dia”, alerta a médica do Instituto de Urologia de Piracicaba (IUP) e especialista na área, Lia Yumi Ikari. 

 

Há dois tipos de incontinência tratáveis com fisioterapia: a de esforço – quando o xixi ‘escapa’ ao se puxar um móvel, tossir, espirrar ou mesmo rir; e a de urgência – quando ‘não dá tempo de chegar ao banheiro’ ou as idas ao banheiro para urinar são frequentes, algo como de meia em meia hora. “Há inúmeras causas para que o problema surja. A incontinência de esforço é causada, nas mulheres, por uma fraqueza dos músculos do assoalho pélvico. Já a incontinência de urgência normalmente está relacionada ao mau funcionamento da bexiga. Há casos mistos também. Nos homens, a disfunção geralmente está relacionada a problemas na próstata”, explica a urologista.

 

Um recurso eficiente que pode chegar a descartar uma cirurgia é a fisioterapia. Com auxílio de técnicas específicas a partir de programas de exercícios para cada caso, associados ao uso de equipamentos específicos, o fisioterapeuta especializado atende aos dois tipos de incontinências, de esforço e de urgência, e no pós- cirúrgico da próstata. “Há disfunção miccional e incoordenação da musculatura que só o fisioterapeuta corrige. Também há casos em crianças que têm grande dificuldade para ir ao banheiro, e que podem ser solucionados com a fisioterapia”, conta a urologista.

 

Carla Campos é fisioterapeuta da equipe do IUP Prime, e é ela quem recebe os pacientes de Lia, bem como de outros urologistas da clínica e de outros centros, de ginecologistas e proctologistas. “O encaminhamento médico é importante porque dá uma dupla segurança ao caso. Com o diagnóstico fechado por meio de consulta e exames com o médico, tenho um foco previamente mapeado para o meu trabalho e o paciente ganha em saúde. A relação entre as duas áreas de saúde tem sequência com os laudos emitidos por mim, onde constam informações relevantes para a próxima avaliação com o médico”, detalha a fisioterapeuta.

 

Em média, após quatro sessões é possível notar bons resultados. Além do atendimento semanal com a fisioterapeuta, é preciso ser fiel aos exercícios que devem ser feitos periodicamente em casa. Na sala de fisioterapia, além de aprender a técnica correta para tratar a incontinência, a tecnologia também está a serviço do paciente.

 

“Para incontinência de esforço, uso biofeedback para tratar e avaliar a força da musculatura, possibilitando comparativos a cada sessão. A eletroterapia é aplicada para fortalecer a musculatura e também para casos de incontinência de urgência. É preciso trabalhar todos os tipos de fibras musculares. Não é recomendável recorrer aos tratamentos encontrados na internet”, alerta Carla, que é mestre em saúde da mulher (Unimep) e doutora em ciências biológicas (USP-Ribeirão Preto).

 

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