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O poder da música

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 04ª Edição | Outubro | 2012
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias

Menina de nove anos é destaque na orquestra de viola caipira As Piracicabanas

Quem assistiu recentemente a apresentação da orquestra de viola caipira As Piracicabanas, no teatro de arena da Casa do Povoador, durante a entrega da terceira fase do Projeto Beira Rio, não teve como não prestar atenção naquela pequena violeira que, compenetrada, lia as partituras e até recitou a introdução do clássico Chico Mineiro.

Ela é Gabriela Manieri Parizotto, que no dia seguinte à apresentação completou nove anos de idade. Mas a vida dela vem mudando desde muito antes, quando tinha cinco anos e meio, nem sabia ler ainda, mas colocou na cabeça que queria aprender a tocar violão.

O desejo deu mais do que certo. Hoje, três anos e meio depois, além de atuar na orquestra, Gabriela tem aulas duas vezes por semana na academia Momento Musical, onde faz aulas de acordeon e flauta-doce, e frequenta uma escola particular na Vila Rezende, onde cursa o terceiro ano do ensino fundamental.

A mãe, Adriana Parizotto, 43, conta que inverteu a mão de direção e seguiu os passos da filha. Desde que a menina resolveu se dedicar à música, ela não ficou apenas como dona de casa: hoje é secretária da Momento Musical e também está em As Piracicabanas.

A história da mudança começou de forma bem natural, como acontecem as grandes mudanças. Foi simplesmente quando Gabriela assistiu a uma apresentação de uma dupla piracicabana, Roger e Ramon. “Eu achei tão bonito, e pensei que queria fazer a mesma coisa”, diz, num intervalo de aula da Momento Musical.

Na época, a professora Ivete Machado, uma das proprietárias da escola, a aceitou como aluna, apesar de uma dificuldade evidente. “Como eu ainda não sabia ler, não conseguia acompanhar a partitura”, lembra. Mas não desistiu. Gabriela conta que o estilo sertanejo sempre foi seu favori to. No começo ela gostava mais das duplas modernas como Victor e Leo (a primeira música que tocou foi Borboletas, um dos maiores sucessos dos irmãos), mas depois foi se apaixonando pela música caipira, de raiz.

“Eu entreguei um DVD do nosso grupo para a Inezita Barroso, quando ela esteve em Piracicaba cantando no Teatro do Engenho. Ela foi muito simpática, uma gracinha”, conta a menina, que também gosta das canções de Tonico e Tinoco e de Sérgio Reis. “A música de raiz é muito bonita, conta umas histórias que emocionam a gente”, afirma. E arremata com um comentário com o qual não se pode deixar de concordar. “Já Eu Quero Tchu Eu Quero Tcha (música da dupla João Lucas e Marcelo) não quer dizer nada!”

Essa rapidez de raciocínio, conta a mãe, foi algo que veio depois da paixão pela música, e não foi mera coincidência. “Antes ela era agitada, não conseguia ficar quieta, não prestava atenção. Eu acho que se não fosse pela música, ela teria dificuldades na escola”, conta Adriana.

Gabriela concorda. “Eu era muito bagunceira. Minha mãe dizia que eu tinha formiga no corpo. Hoje já consigo ficar quieta. Acho que foi a música que me deu isso”, acredita. Já os colegas da escola atual, o Instituto Saber, às vezes não acreditam que ela toca de verdade e às vezes faz shows em outras cidades. “É que sou nova lá, na outra escola, o Sesi, eu fazia mais sucesso.”

Para a mãe, paulistana que se mudou para Piracicaba após o casamento, a música transformou a família. “Até meu marido, José Adilson, que é metalúrgico, anda entusiasmado e pensa numa carreira para ela”, revela.


DOM DE TRANSFORMAR

Para a regente do grupo As Piracicabanas, Marcela Costa, a música tem mesmo esse dom de transformar pessoas e é nisso que ela aposta há dez anos, desde quando começou a reger. As Piracicabanas, que vão completar três anos de formação, representam uma aposta sua. E que deu certo. “As pessoas assimilaram fácil. A voz da mulher e o som da viola juntos despertam emoção”, acredita.

O grupo tem feito uma série boa de apresentações, no mínimo duas por mês, e quase sempre em eventos públicos. Além do show do Projeto Beira Rio, quando foram ovacionadas pelo público, Marcela destaca a participação na Festa do Padroeiro, em junho, em frente à Catedral de Santo Antonio.

“Eu faço pesquisa de repertório com base na música de raiz mesmo. Chico Mineiro, Menino da Porteira, Rio de Lágrimas, essas têm de entrar, porque são aquelas que o público gosta, que puxam pela emoção. Mas eu não posso ficar fechada apenas nas mais antigas”, afirma.

Assim como a sócia Ivete, Marcela também leciona música em escola, no seu caso o Colégio Seletivo. “Essa questão da música na escola é sempre complicada. Eu gosto de mostrar o potencial da música para a criatividade e não apenas para o lazer. Senão as crianças ficam sem referências musicais. Gostar da banda de sucesso atual tudo bem, mas não é só isso. Seria bom que elas soubessem também quem foi um Tom Jobim, por exemplo”, ensina. Gabriela, pelo visto, é um exemplo de que isso é possível. (por Ronaldo Victoria)

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