A busca por espaços mais integrados e ao mesmo tempo mais aconchegantes. A integração com a natureza. Uma volta ao romantismo, com tons mais alegres e uma maior valorização da decoração e do artesanato. Para a arquiteta Rosilene Fontes, da Construtora Adolpho Lindenberg, a modernidade e o estresse da vida atual, questões inevitáveis, têm tudo para transformar as casas em espaços aconchegantes e que novamente se pareçam com refúgios.
A profissional, que esteve em setembro, em Piracicaba, participando do 1º Encontro Bem Viver, promovido pela Tutti Condomínios, navega contra a maré do pessimismo e acredita num novo olhar para a arquitetura e a construção.
Rosilene lembra uma frase de Alain de Botton, pensador suíço que procura levar a discussão de grandes questões filosóficas para o dia a dia: “O melhor argumento em favor da boa arquitetura é a vivência da boa arquitetura”. Neste sentido, analisando o que temos, o mundo em que vivemos, destaca 15 tendências para o nosso jeito de morar. Mais que tendências, são novos olhares.
1 – Espaços integrados: Locais amplos, com vãos maiores.
2 - Cozinha ganha requinte de sala: Este é um ponto essencial na visão de Rosilene. Ela destaca a forma como a cozinha deixou de ser aquele lugar ‘isolado’, que não se comunica com o resto da casa, e ganhou um espaço nobre. “A cozinha ficou mais próxima da área social, integrada à sala. Antes era somente local de serviço dos empregados e hoje o morador usa a cozinha como socialização e prazer”.
3 – A natureza volta a ser a maior inspiradora: A necessidade de ter esse contato é cada vez mais presente.
4 – Diminuir as escalas: “Necessidade de viver em espaços menores e acolhedores”, afirma Rosilene, que reforça: essa diminuição está ligada ao conforto e à qualidade de vida. Valoriza não o tamanho da moradia, mas o conforto de morar bem, e próximo ao trabalho.
5 – Integração com a natureza: “Voltar às formas orgânicas e à intimidade. Uma arquitetura que acolhe e protege, como um útero materno”, reforça a arquiteta. Ou seja, não se trata de seguir modismos, mas de procurar a essência.
6 – Retorno aos valores essenciais como a família e as raízes: “Com a crise econômica, vamos passar mais tempo em casa e nos dedicar às pessoas mais próximas”, ressalta.
7 – Sala de TV: Agora quem cumpre essa função, de aglutinação dos moradores da casa, é a sala de TV. ”Até pouco tempo atrás, escondiam a TV da sala de visita. Com a ampliação da banda larga, a sala de TV passou a ser um centro de entretenimento, onde se pode ouvir música, ver fotografias, assistir a um filme e até mesmo escrever um texto. É nela que as pessoas se reúnem. Assim como a valorização da cozinha, representa uma volta ao interior, quando as pessoas se reuniam em volta do fogo e da lareira. Hoje elas se reúnem em volta do fogão, da churrasqueira, chamados de espaços gourmet”, destaca.
8 – Cama: Até a cama ganhou um novo papel, segundo Rosilene. “Ela deixa de ser um local somente de descanso para se tornar um espaço social de jogos, cinema e música”, conta a arquiteta.
9 – Computador: Nenhuma nova visão, seja em que área for, pode deixar de considerá-lo. Por isso, Rosilene incluiu uma nova visão trazida pela informática. “Nossos computadores, tablets e telefones celulares nos permitem trabalhar em qualquer lugar. Esta liberdade fez alguns hábitos, usos e certas funções perderam o sentido e mudaram a nossa maneira de viver. As nossas prateleiras de livros estão ficando cada vez menores. A biblioteca hoje está dentro de um computador. Muitas pessoas leem livros nos tablets”.
10 – Mistura: A tendência é misturar peças caras e baratas. “Hoje é preciso investir no que é belo e duradouro”. Rosilene cita uma frase do poeta inglês Oscar Wilde: “Todas as coisas de qualidade pertencem a uma mesma época”
11 – Ecologia - Para além de toda discussão, Rosilene resume tudo o que representa numa frase: É impossível falar em tendências sem falar em ecologia. “Quando se diz que a natureza está sob ameaça de extinção, na verdade nós é que estamos sob ameaça de extinção”, ressalta.
12 – Ruralidade - Busca por espaços como jardins e mini-hortas.
13 – Volta do romantismo - Busca por materiais mais simples. “Feito à mão” é tendência em alta, com uso de materiais naturais. Artesanato ganha mais espaço.
14 – Cores – Tons neutros como amarelo e âmbar são mais valorizados. Assim como cores que lembram a natureza como o sol, a flora, a água e o vulcão...
15 – Refúgio – Lar vira o espaço em que se recarregam as energias. Rosilene lembra uma frase que resume bem essa nova configuração, uma frase de Li Edelkoort, uma das principais ‘caçadoras de tendências’, ou seja, uma profissional que enxerga as coisas antes. Ela diz: “A tendência é um futuro aconchegante, voltado à intimidade e à natureza, e ainda por cima com a gentileza na última moda.” (por Ronaldo Victoria)