Fazemos acontecer

Pronto para o desafio

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 05ª Edição | Dezembro | 2012
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias
Assumir a prefeitura de uma cidade de quase 400 mil habitantes depois de ser eleito com mais de 73% dos votos deve gerar uma grande ansiedade, certo? Nem sempre. O professor Gabriel Ferrato, que administra Piracicaba a partir do dia 1º. de janeiro, garante que não perde o sono. Mas ele sabe o tamanho da responsabilidade de suceder Barjas Negri e que a população deseja uma continuidade. Entende, porém, que fará um trabalho diferenciado, e que a fase de grandes obras na cidade vai ser desacelerada.


Tutti Condomínios - Quais serão suas primeiras ações como prefeito de Piracicaba?

Gabriel Ferrato - Esse meu mandato tem uma característica diferente. Como se trata basicamente de uma continuidade, é diferente de quando muda o partido...

Ou seja, não vai precisar botar ordem na casa, um clichê nessas situações...

Isso. Não se trata de fazer grande transformação, é até o contrário. Piracicaba votou, e isso ficou muito claro durante a campanha, pela continuidade.

Não quer mudança?

Não é que não queira mudança, quer a continuação do rumo. Mudanças têm de ser feitas, você tem de avançar, tem de criar coisas novas, porque nenhum prefeito consegue fazer tudo. E especialmente aperfeiçoar aquilo que já foi implantado.

E isso lhe dá ansiedade?

Nem um pouco, não sou ansioso, sou muito tranquilo. O que eu sinto, até pela votação expressiva, é uma responsabilidade muito grande. Mas também tem o seguinte: eu construí uma vida no setor público. Sempre combinei a academia, que me deu uma base muito forte do ponto de vista teórico, com a atuação no setor público e fui secretário duas vezes em Piracicaba.

Em algum momento imaginou que queria ser prefeito?

Nunca foi minha intenção. Quando resolvi aceitar o convite do Barjas para ser secretário da educação, jamais imaginei e nem forcei uma situação para que pudesse ser candidato a prefeito. Aconteceu naturalmente. Por um processo que eu não saberia te dizer qual foi... Na minha vida tudo foi acontecendo na-tu-ral-men-te.

Sem planejamento?

Não é assim, planejei muitas coisas. Planejei minha vida acadêmica. Mas as oportunidades que surgiram na minha vida aconteceram. Sempre fui muito convidado para isso ou para aquilo.

A população espera uma administração parecida com a do Barjas. Como encara isso?

Só espero que a população não queira comparar, porque serão gestões um pouco diferentes.

Em que sentido?

Vou te explicar por quê. O que o Barjas fez nesses oito anos foi reconstruir a cidade. A cidade tinha um atraso muito grande em todas as áreas. O processo agora é continuar. É mais aperfeiçoamento e manutenção disso. Foram criados mais de 100 parques e mais de 50 unidades de saúde. Escolas foram 69 novas. Isso precisa ser mantido. E bem mantido. Vou construir menos que ele, com certeza absoluta. Mas vou ter que aperfeiçoar o que está aí.

Não fará tantas obras quanto o Barjas?

Não vai ser preciso, esta é que é a questão. Hoje você tem na cidade uma coisa que as pessoas falam muito, que é a questão da saúde pública.

Esse tema, aliás, a oposição sempre elege como o principal...

Porque é um tema nacional. Todos os municípios do país têm esse problema. E não por incompetência do gestor municipal. É porque faltam recursos para a saúde. Por que será diferente a gestão do Barjas para a minha? Ele construiu uma infra-estrutura magnífica. As coisas em Piracicaba, por mais que reclamem disso ou daquilo, funcionam. E muito bem. Há problemas pontuais que precisam ser aperfeiçoados.

Outro ponto sempre abordado é a educação, principalmente a falta de vagas em creche. O que fazer?

Isso é muito curioso. Eu me lembro de uma entrevista do Fernando Haddad, quando era ministro (da Educação), ele foi perguntado sobre a faixa de zero a três anos e disse que não havia entrado nas prioridades. Se o governo federal reconhece isso e nem tem recursos, o que a gente fez foi esticar no limite a ampliação de creches, com 41 novas, e de quatro a cinco anos já atende toda a demanda. Outra vez é um problema nacional. Em matéria de creche para zero a três anos, para municípios acima de 200 mil habitantes, a segunda melhor posição é a de Piracicaba.

Temos uma pergunta do síndico do condomínio Portal do Engenho, André Simioni: “Percebemos cada vez mais a procura dos cidadãos por condomínios fechados. O principal motivo é a insegurança. Haverá alguma ação coordenada em sua gestão para diminuir esse problema?”

Basta acompanhar  o noticiário de televisão nacional ou a grande imprensa e você verá que o problema de segurança é nacional. Outra vez, como a saúde pública. Grande parte do problema está associado à questão das drogas. E as drogas entram no país. Então tem problemas de fronteiras nacionais que não são responsabilidade nem do município nem do Estado, que é uma questão muito mal resolvida, pois não temos controle disso. O Estado e o município recebem as consequências disso.  Todos os dias temos prisão de gente envolvida com drogas. O que a gente pode fazer? No curto prazo não tem saída a não ser ampliar o efetivo da Guarda Civil Municipal, câmeras de monitoramento, iluminação pública. E, no médio prazo, trabalhar bem a educação para a cultura de paz, o que na rede municipal já fazemos muito bem.

A pergunta de Antonio Carlos Nabuco Lastória, do edifício Atlantis, é mais direta: “O aeroporto regional faz parte de suas metas?”

A resposta é simples: você só consegue ter um aeroporto regional se houver retorno econômico para quem vai atuar no aeroporto, que são as empresas aéreas. Enquanto elas não acharem que se faz necessário não irá existir, por mais que eu tente.

Seu estilo vai ser workaholic como a de seu amigo Barjas?

Eu também sou, pergunte para a minha secretária. Eu até acho que é um defeito meu, e maior ainda do Barjas. É que a gente, quando assume um cargo público, não olha como um espaço de poder para desfrutar. A gente tem um compromisso com a sociedade.

Sabe que vai ser muito cobrado...

É normal para quem tem um compromisso público. Os desafios da cidade, por mais que ela esteja bem e bonita, são muitos. Mas isso tem um lado ruim porque prejudica a família.


‘Só espero que a população não queira comparar, porque serão gestões um pouco diferentes’Por falar nisso, como sua esposa Selma e seus filhos estão encarando a novidade?

Ela sempre me apoiou em tudo o que fiz e essa vida minha fora de casa sempre foi comum na vida dela e dos meus filhos, infelizmente.

Mas não existe aquilo de o tempo ser pouco, mas intenso?

Existe. Eu gosto muito de ficar em casa. Gosto de conversar, comer junto. Mas os jovens também hoje têm uma vida completamente diferente da que eu tive. Eles são mais independentes.

Não gosta de vida social, ir ao cinema?

Sempre gostei de cinema, mas faz tempo que não vou. Vejo filme em casa. Não gosto de pegar fila e procurar vaga de estacionamento. Acho que estou perdendo tempo, pois sou workaholic. Mas não sou estressado.

E como se mantém a calma?

Não sei. Não me pergunte como, eu sou assim.

É do tipo centralizador ou que delega?

Se eu tiver uma boa equipe, eu descentralizo. Posso confiar que as coisas aconteçam.

E por falar nisso, em que pé está a montagem da equipe?

Ainda não tenho o quadro completo porque, como tivemos alianças eleitorais no período, a composição é um pouco mais complexa.

O que é mais difícil: as alianças na época da campanha ou essa montagem?

Montar a equipe é mais complicado, porque no processo eleitoral todos procuram o mesmo objetivo. Na montagem tem de dizer alguns ‘nãos’. Não tem espaço para todo mundo. Tem de ser diplomático, mas tem de ser coerente. Eu gostaria de ter ao meu lado pessoas com três qualidades: competência técnica, honestidade e compromisso público.

Das três, qual é a principal?

Honestidade não pode abrir mão, pois você está lidando com recursos públicos. Como se monta essa equipe ideal? Tem pessoas com essas qualidades na cidade? Claro que tem, e um monte. O problema é que nem todas estão disponíveis.

Como é sua relação com Piracicaba?

Nasci aqui. Estudei em escolas públicas, comecei no Prudente, depois fui ao Barão e todo o segundo ciclo no Sud Mennucci. Depois fiz economia na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). E aí fui embora fazer mestrado em São Paulo, onde fiquei uns dez anos, mas, nesse meio tempo, voltei como professor da Unimep.

De que forma define Piracicaba em poucas palavras?

É a minha raiz. A gente dá volta no mundo e volta para cá. A gente tem de sair para poder voltar. Sou professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) há mais de 20 anos. Mas nunca quis morar em Campinas, sempre viajando para cá. Piracicaba é a minha raiz, é onde comecei e onde vou terminar. (por Ronaldo Victoria)

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