Amigo dos ventos
Foto: Giovanna Baccarin
Allan Gustavo Marcheto é uma pessoa bastante peculiar. À primeira vista não há nada de diferente: é um garoto de 21 anos com enormes olhos azuis tão brilhantes quanto seu sorriso acolhedor. Mas essa agradável fachada esconde um colecionador sério e extremamente organizado.
As mais de 300 peças caprichosamente etiquetadas e catalogadas estão à mostra num cômodo especial logo na entrada da casa para confirmar. São ventiladores de todas as cores, tamanhos e idades, além de miniaturas de brinquedo e uma pequena coleção de cata-ventos. As prateleiras de alvenaria no quarto feito especialmente para abrigar a coleção estão cheias e, no chão, também já não há espaço para trânsito.
É um ambiente com um quê de magia, no qual a diversidade de modelos e cores acrescenta um tom lúdico que combina com o tal brilho no olhar de seu dono.
A coleção iniciou cedo. Allan ganhou seu primeiro ‘ventilador de verdade’, como chama, quando tinha apenas 8 anos de idade. Numa festa de aniversário de amigos, ao perceber que o garoto preferia a máquina às brincadeiras de criança, a anfitriã o presenteou. Antes disso, colecionava miniaturas de brinquedo e cadernos de desenho nos quais catalogava todos os modelos que conseguia encontrar.
Quando tinha 14 anos, a coleção já passava de 100 unidades e tinha até cartão de visitas. Allan também aprendeu a consertar as máquinas e tem orgulho em dizer que praticamente todas funcionam perfeitamente. Ele sentencia: “Eu jamais desvalorizo um ventilador”.
Uma delas foi presente de casamento de sua mãe, e Allan só conseguiu transferi-la para a coleção quando escreveu pedindo um modelo igual ao fabricante que lhe enviou um livro de receitas, já que havia fechado a fábrica. Sua mãe, então, feliz com a troca, entregou o item à coleção depois de 25 anos guardado em sua caixa original.
Quando questionado sobre de onde surgiu essa admiração, Allan não tem resposta. Diz que gosta de ventiladores desde que se entendeu como criança. Alguns dizem que já nasceu no vento. E a paixão de Allan são justamente as hélices. Ele conta que gosta de ‘coisas que virem’.
Que bom. Consigo imaginá-lo velhinho com sua incrível coleção, como um velho guardião da magia do movimento que gera o vento. (por Giovanna Baccarin)
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