Fazemos acontecer

Algo novo a dizer

Publicado na Revista Monte Alegre | 12ª Edição | Janeiro | 2013
Foto: Divulgação

Quando se tem uma coluna numa revista no mínimo curiosa, como é a Monte Alegre, a sensação de responsabilidade aumenta na proporção do interesse que seus textos vão provocando aos leitores. É muito gratificante receber um e-mail com comentários sobre o impacto causado por nossas ideias ou com um detalhe mais apreciado por alguém que te escreve falando disso.

À medida que a consciência dessa responsabilidade se torna mais clara, fico cada vez mais atenta ao que se passa ao redor e mais empenhada em selecionar cuidadosamente o que quero dizer em meus textos.

Desde meu primeiro artigo, coloquei como meta principal proporcionar  sensíveis e agradáveis reflexões a respeito de situações do nosso cotidiano, que por conta de tantas tarefas e obrigações, às vezes nos passam despercebidas. Muitos detalhes que nem registramos podem fazer a diferença em nossa vida. São eles os responsáveis pelo enriquecimento da experiência humana e podem fazer da comunicação interpessoal importante instrumento de autoconhecimento e do prazer em conhecer o outro.

Através da empatia (que em primeira instância é a capacidade que temos em nos aprofundar numa experiência e, em segunda, nos dá a compreensão da experiência do outro), os meios de comunicação podem estabelecer vínculos entre escritor e leitor ou artista e apreciador. É a empatia que nos leva a eleger personagens ou situações com o que nos identificamos. Muitas histórias narradas passam a fazer parte da bagagem de vida de quem as aprecia.

Um artigo, para ter o retorno almejado por uma revista, deve ser escrito por alguém que exercita sua empatia, fazendo dela um elemento de linguagem e comunicação.

Pessoalmente, tenho experimentado seguidos momentos de grande transformação individual. Entretanto, gostaria de compartilhar essa vivência com nossos leitores, tarefa complexa na medida em que as vicissitudes da vida de cada um são específicas, mas podem conter importantes semelhanças com as vidas de tantos outros.

Enquanto eu me transformo naquilo que ainda não conheço, sinto-me na fase do casulo e sinto uma vontade enorme de dizer algo novo, proclamar nova independência, inventar novos sentidos para se viver essa única experiência humana que nos é dada ao nascer.

Porém, nessa fase, tudo o que consigo expressar é insegurança, curiosidade e esperança. Quero nos assegurar que, de uma forma ou outra, todos os que hoje se encontram em situação de mudança (e devem ser muitos nesses tempos conturbados) tenhamos a oportunidade de nos transformar para melhor.

Lembro-me de uma camiseta que ganhei de uma amiga há muitos anos, que tinha num dos ombros a figura de um casulo emborrachado bem colorido com dois grandes olhos móveis (aqueles usados em bonecos). Dele saía o desenho de um balão de texto, desses usados nos quadrinhos, dentro do qual estava escrito: “Calma gente, amanhã serei uma borboleta!


Re Fernandes é piracicabana, mora no Rio, é artista multimídia, designer, professora e pesquisadora das linguagens artísticas. É autora do livro Da Cor Magenta – Um Tratado Sobre o Fenômeno da Cor e Suas Aplicações, pela editora Synergia, RJ.

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