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Design automobilístico: no rastro do consumidor

Publicado na Revista Monte Alegre | 02ª Edição | Maio | 2011
Foto: Divulgação

Moda e arquitetura. Tendências e misturas. Como são criadas as novidades desta paixão nacional

A história de que todo brasileiro é apaixonado por carros já é clássica. Mas, quais são realmente as preferências desse consumidor e como as montadoras trabalham para atender às especificidades dessa cultura é o que queremos mostrar com essa matéria.


Segundo Adriana Brito, designer sênior de cores & materiais do Renault Design América Latina, as tendências no design de automóveis surgem principalmente da decoração, da arquitetura e do mercado de moda. “A arquitetura, por exemplo, influencia profundamente as formas, enquanto a moda atinge mais os acabamentos, cores e texturas”, comenta.

Existem inúmeros fóruns de pesquisas nos quais essas tendências são analisadas antes de chegarem finalmente ao produto final. Segundo Adriana, o universo automotivo é extremamente exigente em termos de estética. Hoje em dia, ela conta que os tons levemente amarronzados estão em alta nas cores externas e isso vem de uma relação da própria moda com a natureza. Os carros off-road aceitam muito bem essas cores.

 

Conceito

Para testar as novidades, o grande laboratório das montadoras são os carros-conceito. Todos os anos eles são a grande coqueluche dos salões de automóveis pelo mundo. Esses carros são a possibilidade de criar com liberdade total, sem preocupação com custos, viabilidade comercial ou mesmo usabilidade. Eles servem para provocar, atrair e mostrar que as marcas buscam inovação. E neste sentido, os salões são a grande sala de pesquisa sobre as reações dos consumidores.

Carros-conceito estão totalmente à frente de seu tempo e servem como termômetro de mercado. Mas ainda existem os chamados show cars ou stand ups, que são uma espécie de carro-conceito mais próximo da realidade. Servem para testar novidades já a caminho de chegar ao mercado.

Ao contrário de quem acha que o gosto estrangeiro governa o mundo automobilístico, existe uma influência muito forte da cultura local neste mercado. Não é à toa que a Renault, por exemplo, abriu há quatro anos um centro de pesquisas aqui no Brasil.

Aqui, por exemplo, os tons escuros ainda são unanimidade no interior dos carros, graças a uma preocupação com a questão das sujidades e do valor de revenda. Os tons claros como os beges e brancos, bastante em voga nos EUA e na Europa, assim como os interiores em dois tons, não são tão aceitos, pois mostram mais sujeira.  De qualquer forma, Adriana lembra que já existem montadoras adicionando mais cores aos revestimentos.


Mais que um carro

Para o brasileiro, o carro não é apenas um objeto, sendo praticamente um amigo de seu dono. Sendo assim, a exigência com os detalhes é enorme. Uma das dificuldades dos designers é, por exemplo, inserir acessórios de luxo em carros populares, mantendo baixos custos. 

A preocupação com o conforto também é levada em conta, já que o brasileiro passa muito tempo dentro de seu carro. Ele também gosta de tocar os tecidos, bancos e objetos, então existe ainda uma preocupação com o uso de materiais diferenciados nesses itens.

As montadoras também passam a ter uma preocupação com o politicamente correto. A Renault, por exemplo, usa matérias-primas recicladas em vários itens. Mas a dificuldade aqui vem de que o consumidor não quer nada que pareça barato. Ele gosta do produto ecológico, mas quer que seja refinado. Adriana diz que no geral essa preocupação com sustentabilidade ainda não é uma realidade no mercado brasileiro.

Nesta mesma linha a Toyota possui o Programa Toyota de Inclusão. Neste programa, as pessoas com deficiência podem obter informações sobre procedimentos para habilitação, isenção de impostos e compra de veículos Toyota adaptados às necessidades específicas.

De qualquer forma, a grande preocupação em nosso país ainda é o custo. O carro tem de ser acessível. E a moda é muito mais o carro flex. Não pela limpeza do álcool, mas pela economia.

Renault-Captur, carro-conceito 2011 da montadora francesa
Tecnologia

Em relação às novas tecnologias há uma preocupação em inserir as novidades de forma sutil nos automóveis, tudo com o ar mais refinado possível. O desejo é conforto, facilidade de uso e ampla gama de possibilidades.

Hoje já temos iluminação utilizando led e ar-condicionado digital no mercado.  Uma das grandes novidades, porém, foi anunciada recentemente pelo presidente da Toyota, Akio Toyoda, juntamente com o CEO da Microsoft, Steve Ballmer. As duas companhias planejam investir na área de telemática, que é a fusão das tecnologias de telecomunicações e informação em veículos. Esse conceito abrange sistemas de GPS, controle de energia e outras tecnologias multimídia. A empresa vem ainda realizando no Japão experimentos com o Toyota Smart Center, seu programa-piloto concebido para conectar pessoas, automóveis e residências com o intuito de conseguir o controle integrado do consumo de energia.

É só ficar de olho, pois trata-se de uma indústria veloz (com o perdão do trocadilho) e quando menos esperar essas novidades estarão numa garagem perto de você. (por Giovanna Baccarin)

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