Segundo Adriana Brito, designer sênior de cores & materiais do Renault Design América Latina, as tendências no design de automóveis surgem principalmente da decoração, da arquitetura e do mercado de moda. “A arquitetura, por exemplo, influencia profundamente as formas, enquanto a moda atinge mais os acabamentos, cores e texturas”, comenta.
Existem inúmeros fóruns de pesquisas nos quais essas tendências são analisadas antes de chegarem finalmente ao produto final. Segundo Adriana, o universo automotivo é extremamente exigente em termos de estética. Hoje em dia, ela conta que os tons levemente amarronzados estão em alta nas cores externas e isso vem de uma relação da própria moda com a natureza. Os carros off-road aceitam muito bem essas cores.
Para testar as novidades, o grande laboratório das montadoras são os carros-conceito. Todos os anos eles são a grande coqueluche dos salões de automóveis pelo mundo. Esses carros são a possibilidade de criar com liberdade total, sem preocupação com custos, viabilidade comercial ou mesmo usabilidade. Eles servem para provocar, atrair e mostrar que as marcas buscam inovação. E neste sentido, os salões são a grande sala de pesquisa sobre as reações dos consumidores.
Carros-conceito estão totalmente à frente de seu tempo e servem como termômetro de mercado. Mas ainda existem os chamados show cars ou stand ups, que são uma espécie de carro-conceito mais próximo da realidade. Servem para testar novidades já a caminho de chegar ao mercado.
Ao contrário de quem acha que o gosto estrangeiro governa o mundo automobilístico, existe uma influência muito forte da cultura local neste mercado. Não é à toa que a Renault, por exemplo, abriu há quatro anos um centro de pesquisas aqui no Brasil.
Aqui, por exemplo, os tons escuros ainda são unanimidade no interior dos carros, graças a uma preocupação com a questão das sujidades e do valor de revenda. Os tons claros como os beges e brancos, bastante em voga nos EUA e na Europa, assim como os interiores em dois tons, não são tão aceitos, pois mostram mais sujeira. De qualquer forma, Adriana lembra que já existem montadoras adicionando mais cores aos revestimentos.
Para o brasileiro, o carro não é apenas um objeto, sendo praticamente um amigo de seu dono. Sendo assim, a exigência com os detalhes é enorme. Uma das dificuldades dos designers é, por exemplo, inserir acessórios de luxo em carros populares, mantendo baixos custos.
A preocupação com o conforto também é levada em conta, já que o brasileiro passa muito tempo dentro de seu carro. Ele também gosta de tocar os tecidos, bancos e objetos, então existe ainda uma preocupação com o uso de materiais diferenciados nesses itens.
As montadoras também passam a ter uma preocupação com o politicamente correto. A Renault, por exemplo, usa matérias-primas recicladas em vários itens. Mas a dificuldade aqui vem de que o consumidor não quer nada que pareça barato. Ele gosta do produto ecológico, mas quer que seja refinado. Adriana diz que no geral essa preocupação com sustentabilidade ainda não é uma realidade no mercado brasileiro.
Nesta mesma linha a Toyota possui o Programa Toyota de Inclusão. Neste programa, as pessoas com deficiência podem obter informações sobre procedimentos para habilitação, isenção de impostos e compra de veículos Toyota adaptados às necessidades específicas.
De qualquer forma, a grande preocupação em nosso país ainda é o custo. O carro tem de ser acessível. E a moda é muito mais o carro flex. Não pela limpeza do álcool, mas pela economia.
Em relação às novas tecnologias há uma preocupação em inserir as novidades de forma sutil nos automóveis, tudo com o ar mais refinado possível. O desejo é conforto, facilidade de uso e ampla gama de possibilidades.
Hoje já temos iluminação utilizando led e ar-condicionado digital no mercado. Uma das grandes novidades, porém, foi anunciada recentemente pelo presidente da Toyota, Akio Toyoda, juntamente com o CEO da Microsoft, Steve Ballmer. As duas companhias planejam investir na área de telemática, que é a fusão das tecnologias de telecomunicações e informação em veículos. Esse conceito abrange sistemas de GPS, controle de energia e outras tecnologias multimídia. A empresa vem ainda realizando no Japão experimentos com o Toyota Smart Center, seu programa-piloto concebido para conectar pessoas, automóveis e residências com o intuito de conseguir o controle integrado do consumo de energia.
É só ficar de olho, pois trata-se de uma indústria veloz (com o perdão do trocadilho) e quando menos esperar essas novidades estarão numa garagem perto de você. (por Giovanna Baccarin)