O talento de Gustavo Dias tem sido muito requisitado por moradores do condomínio Monte Alegre. Piracicabano de 34 anos, formado em publicidade e propaganda, mas apaixonado pela marcenaria desde menino (a paixão do pai, o administrador Paulo, influenciou muito), Gustavo tem notado uma boa repercussão para seu trabalho.
“No condomínio, eu atuo com o que chamo de customização da necessidade do cliente. O meu trabalho é identificar essa necessidade”, conta. Hoje ele já percebe, em casas como as do condomínio, o que chama de movimento diferente. “As casas, todas elas têm o que se chama de espaço gourmet, com uma cozinha mais aconchegante, onde as pessoas ficam à vontade. É uma questão de valores, não de futilidade. As pessoas parecem estar recuperando o prazer de ficar em casa, porque as cidades, principalmente as maiores, andam muito complicadas. Mas, para ficar em casa, você precisa de conforto, precisa de um bom sofá, que tenha uma boa ergonomia”, detalha.
E aí que entra o design, que Gustavo define como uma arma poderosa de transformação. Mas ele ainda sente que o Brasil engatinha nessa área. Ainda não é muito marcante a cultura de adquirir design. Muitas vezes a pessoa compra um carro caríssimo, mas decora a casa com móveis baratos, que não durarão mais de duas estações. “Um móvel feito por mim pode até ser considerado caro, mas ele dura até o tempo dos seus netos”, garante.
A propósito, Gustavo trabalha com movéis de linha e outros exclusivos (peça única) que, dependendo do tamanho, ficam na faixa dos R$ 500 aos R$ 5.000. E tudo dentro de um conceito importante: sustentabilidade. O designer só trabalha com as chamadas madeiras de redescobrimento (árvores caídas, madeira de demolição ou encontradas em mares e rios), recolhidas por ele em caçambas ou principalmente na fazenda onde mantém uma oficina, em Agudos.
“Eu vou muito a sítios e fazendas vizinhas e recolho cercas desativadas ou mourões, por exemplo. Às vezes, eu olho para um material e já imagino o móvel resultando. Foi o que aconteceu quando olhei uma galhada e já ‘vi’ uma luminária”, lembra. Gustavo trabalha muito com mistura de materiais, unindo a madeira a materiais como ferro ou vidro.
Apesar de utilizar material bruto como a madeira e técnicas tradicionais, os móveis idealizados por ele não podem ser incluídos na categoria vintage. Muito ao contrário. Gustavo usa essa base para desenvolver um design apurado e modernista.
É o que se comprova em seu catálogo de produtos. A luminária, citada por ele, tem galhos retorcidos na base e três lâmpadas vermelhas. Na mesa de centro que tem o nome de Monte Alegre há dois troncos e um tampo de vidro. O mancebo Araucária, outro destaque, conta com base em ferro, e a fruteira é toda feita em madeira.
O trabalho de Gustavo Dias pode ser conferido pelo site woodesign.com.br, em que ele expõe as peças e as diferencia entre exclusivas e seriadas. (por Ronaldo Victoria)