Fazemos acontecer

Uma questão de estilo

Publicado na Revista Monte Alegre | 14ª Edição | Junho | 2013
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias

Harmonizar o que você tem dentro de si com a sua imagem externa é o trabalho de Marina Torrezan

Há uma novidade boa que aconteceu há quase um ano na vida da gestora de estilo Marina Torrezan: a mudança para o Monte Alegre, numa ampla e confortável casa no condomínio de onde avista uma linda paisagem. “No começo eu fiquei um pouco preocupada porque o Monte Alegre me parecia algo muito distante da cidade. E não é bem assim. E permite um sossego, uma tranquilidade, que não teria em outro lugar”, conta.

Casada há dois anos com o empresário Ricardo Brunelli, Marina exerce sua atividade de gestora de estilo em esquema home office, num espaço da casa em que ela recebe os clientes. A mesa de trabalho, com duas belas cadeiras em frente, tem ao lado uma estante repleta de livros de arte e revistas de moda e num canto um instrumento inusitado, que ela garante dominar: uma bateria.

Gestão de estilo, explica Marina, é um trabalho de consultoria de imagem em que a pessoa expõe seu interior para depois fazer com que haja uma harmonia com o exterior, com o que ela demonstra. É sim, ela admite, uma espécie de terapia. “Eu faço muitas perguntas, até umas que as pessoas não imaginam, como a definição rápida da própria personalidade e a sua essência”, conta.

A partir desse encontro, diz Marina, a pessoa encontra-se de novo com a auto-estima e projeta para fora uma imagem positiva. “Não é difícil, mas toma tempo. Leva um tempo para a pessoa se acertar no estético. Existem diferenças. Para a mulher é sempre mais complexo, até porque a moda feminina é mais ampla”, explica.

O trabalho funciona para questões mais ‘emergenciais’, como quem tem um evento para ir e não sabe o que usar, mas, principalmente para quem não está satisfeito com a estilo de se vestir, como a publicitária Susane Trevizan (veja box). “Quando eu falo de essência, tem a ver com estilo de vida, e não apenas com a roupa. Porque ninguém mexe na sua essência. Se você tenta ser o que você não é, pode enganar por um tempo. Mas um dia a sua máscara cai”, ensina.

Marina trabalha com moda desde 2000, quando entrou na Faculdade Anhembi Morumbi, de São Paulo. “Eu acho que tenho essa vontade desde quando era bem pequena, com três, quatro anos, e via minha avó, dona Ana, costurando”, lembra. Tanto que Dona Ana virou o nome da grife de bolsas artesanais que ela teve durante muitos anos, e que rendeu a venda de umas 1.500 peças.

No começo, pensou em cursar farmácia e chegou a entrar na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), mas a vocação para a moda falou mais alto. Estava em São Paulo no momento importante em que a moda passou finalmente a ser vista como um negócio dos mais rentáveis. “Sempre vai haver essa visão de que moda é algo superficial. Primeiro que ela é mesmo efêmera. Mas é preciso ver que ela é uma cadeia muito grande e que movimenta a economia”, afirma.

Hoje Marina declara que se encontrou em moda na especialização em gestão de estilo. O termo, aliás, foi uma sacada que teve junto a uma amiga jornalista de São Paulo. Para os interessados em mudar o estilo ou se conhecer melhor, o telefone de contato é 3435-3103.

Em busca de ousadia

A publicitária Susane Trevizan, da equipe do MBM Escritório de Ideias, que se consulta com Marina há um mês, não a procurou por uma questão de emergência. “Eu nunca achei que eu me vestisse mal, que eu andasse brega, não é isso”, justifica. A questão é que ela gosta de moda, sempre se interessou pelo assunto, mas preferiu ficar no terreno do confortável. “Eu senti que não me arriscava, que estava básica demais e o resultado é que passava despercebida.”

O pensamento das pessoas que se vestem de forma básica, lembra a gestora de estilo, é o medo de errar. “Por isso, elas quase sempre acertam, mas ficam parecidas com o resto, não se sobressaem”, explica. Era o que acontecia com Susane, que aos poucos vai experimentando mais a cartela de cores. Não quer dizer que agora ela foi do cinzinha claro para o vermelho-sangue. “Não tem isso de ir a extremos. Eu era muito monocromática, agora eu sei misturar melhor as cores. E isso tem me deixado muito mais confiante.”

Livro desvenda o styling

O que faz um styling? Qual é a importância dele no mundo da moda e para a indústria da moda? É o que aborda o livro Styling e Criação de Imagem de Moda (Editora Senac, 344 pág. R$ 64,90). Organizado por Astrid Façanha e Cristiane Mesquita, a publicação reúne artigos de 20 nomes conceituados no mercado.

Hoje o stylist é um profissional em ascensão no mundo da moda, onde procura atender dois públicos-alvo. O primeiro é a marca para a qual trabalha: a missão é despertar o desejo de compra. O outro alvo é o público consumidor daquela marca. Em outra frente, fora da cadeia produtiva, a atividade ganha o adjetivo personal, especialista que pode ser definido como o ‘tradutor’ da personalidade de uma pessoa por meio do vestuário.

Para as organizadoras, o livro vem suprir uma lacuna, pois o mercado editorial brasileiro ainda tem poucas opções em torno da criação de moda e styling. “Por se tratar de uma área relativamente nova, tanto em termos de atividade profissional quanto em relação ao ensino e à pesquisa, pode-se dizer que a produção teórica sobre esses temas é emergente. Profissionais, docentes e alunos da área encontram dificuldades para acessar conteúdos científicos e desenvolver metodologias para essas pesquisas e projetos”, afirmam Astrid e Cristiane na apresentação. (por Ronaldo Victoria)

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