Há nove anos, a Escola Waldorf Novalis se instalou no Monte Alegre. O espaço onde até hoje ela está foi escolha dos próprios pais dos alunos. A primeira unidade de ensino, o Jardim de Infância Alecrim, formou a sua primeira turma e era necessário um novo espaço. “Então, umas dez famílias se juntaram e compraram uma área, doando 10 mil metros quadrados para a instalação da escola”, conta a atual administradora, Laudicéia Proença Perin.
O caminho de Laudicéia com a escola surgiu bem antes dela assumir a administração, há quatro anos. Ela conta que seu sobrinho estudava no local e ela logo percebeu um diferencial de raciocínio e de comportamento na criança. “Ele era muito centrado, olhava para a parede de uma piscina, por exemplo, e dizia: ‘Tem tantos azulejos’. E ele não é superdotado!”, conta.
Por isso, antes de administradora da Novalis, Laudicéia foi mãe de aluno, há sete anos. Os dois filhos (Guilherme, de 12 anos, e Odara, de 9) são alunos desde o ensino infantil. “De modo prático, vejo o desenvolvimento deles, que estão muito bem tanto na parte cognitiva quanto emocional. Eu sinto que são crianças felizes e que devem encontrar seu caminho”, define.
Outra diferença grande, conta Laudicéia, é que os pais são bastante exigidos, e o conceito é que não devem entregar totalmente à escola a tarefa de formar os filhos. “Temos a clareza de que nenhuma pedagogia, por melhor que seja, faz milagre. Nós não conseguimos sem a parceria e o envolvimento dos pais. Por outro lado, entendemos que hoje a vida não está fácil para ninguém, que todo mundo, até as crianças, é superexigido. Mas não desistimos disso e não queremos apenas preparar os alunos para o vestibular”, comenta.
Por falar em pedagogia, a seguida pela Waldorf Novalis vem do educador austríaco Rudolf Steiner, que começou a trabalhar na Europa logo depois da Segunda Guerra Mundial. O contexto é baseado na antroposofia e liga a educação com a arte. “Procuramos o desenvolvimento integral da criança e respeitamos o desenvolvimento dela. Cumprimos o currículo do MEC (Ministério da Educação), mas aplicamos os conteúdos de acordo com o momento que a criança está vivendo”, explica.
Essa diferença, conta Laudicéia, também gera rótulos como ‘natureba’ ou ‘bicho-grilo’, mas ela diz que não tem preocupação de responder a isso. “Não sei se somos ‘naturebas’. Não incentivamos diretamente o vegetarianismo, mas temos a preocupação de respeitar aqueles alunos que adotam essa alimentação”, explica.
Hoje, Laudicéia conta que a relação da escola com o bairro só tem melhorado. “Pode ter havido algum estranhamento no começo, o que é natural, mas hoje estamos plenamente integrados na comunidade. Nós conquistamos um espaço no bairro, temos alunos que moram no Monte Alegre e sempre abrimos as portas para eles”, diz a paulista da pequena cidade de Itaberá, que mora há 20 anos em Piracicaba, de onde garante que não pretende sair mais. (por Ronaldo Victoria)