O luxo também conhece limites. Há coisas que nos agradam, coisas que agradam a muitos e há ainda aquelas que agradam a alma. E são essas as que sobrevivem ao tempo, à história e até mesmo a uma revolução.
Calcula-se que em 2700 a.C. iniciou-se da produção de um dos materiais mais cobiçados do mundo: a seda. Segundo a lenda, foi descoberta pela imperatriz Si Ling Chi quando, por acidente, um casulo caiu na sua xícara de chá. Considerado o produto mais caro da China e protagonista da maior rota comercial da época – a rota da seda – o segredo da tecelagem foi guardado a sete chaves até o ano 300, 3.000 anos depois de sua descoberta, quando também se tornou conhecida na Índia.
O processo de obtenção da seda continua o mesmo. E, para quem não sabe como é, recomendo não ler o próximo parágrafo.
Tudo começa com a amoreira. É dessas folhas que o bicho-da-seda se alimenta. Milhares deles se empanturram por 30 dias tecendo seus casulos onde se transformam em crisálidas. Sem perdão, são todos mergulhados em água quente para libertar os filamentos da seda, assassinando assim a larva. Combinados, os filamentos formam-se fios de cor brilhante, característica do produto. Cada casulo fornece entre 500 e 1.000 metros de fio de seda. Entrando, ainda em detalhes mais específicos: o tafetá é tecido com a parte mais regular e perfeita dos fios.
A seda cativa e convida ao tato. Seu brilho inconfundível e sua textura sedutora parecem predispostos ao bom gosto francês.
Em 1680, o tecelão Louis Pernon criou a Tassinari & Chatel, na cidade de Lyon, no auge do reinado de Luís 14. Uma empresa de tecelagem focada na qualidade de seus produtos aliada à colaboração com os melhores artistas da época.
A inovação técnica começou com os tecelões ‘de mão’, os famosos tecelões de seda de Lyon, que estabeleceram a supremacia em todos os aspectos da seda. Foi na Tassinari & Chatel, em 1806, que Jacquard instalou sua máquina de tecelagem que leva seu nome. E foi por meio deste processo de fabricação (através da máquina de Jacquard), que damascos brocados, brocados e outros tecidos de seda encontraram suas melhores expressões.
Durante a era do Iluminismo, a influência da França se estendeu além de suas fronteiras e a demanda por produtos franceses aumentou em toda a Europa. No final do século 18, a empresa se imortaliza na decoração do Palácio de Versalhes, sob encomenda de Louis 16 e Maria Antonieta. O luxo era tanto, que o processo de fabricação logo se espalhou por roupas de seda, tornando a empresa ainda mais desejada. A influência da família não para aí. Voltaire apresenta Tassinari & Chatel a Catarina 2ª. da Rússia, aumentando ainda mais a reputação da empresa.
Depois da Revolução Francesa, Tassinari & Chatel se torna fornecedora de Napoleão 1º. que, retornando do Egito, parou em Lyon para visitar a fábrica. Após sua coroação como imperador, aponta a Tassinari & Chatel para renovar os palácios devastados da França. Com desenhos criados por Percier, nasce assim o estilo Império.
A história faz parte da empresa assim como a empresa faz parte dela. Criações feitas para palácios nacionais como o Jardim das Tulherias, Versalhes, Fontainebleau, Malmaison e Compiègne contribuíram para a crescente reputação da em presa, que viria a ser o único fornecedor de tecidos de seda para Napoleão 1º.
Ao longo do século 19, as encomendas chegam de membros da família real e de autoridades imperiais da França assim como do exterior. As novas criações eram exportadas para países distantes e exóticos como Turquia, Egito e Índia. Com a chegada de uma nova era de prosperidade e o declínio do mobiliário real, uma nova clientela se apresenta: os banqueiros como Lafitte e Rothschild, e as classes de comerciantes.
Já no século 20, a reputação da ‘haute couture’ francesa se propaga em nível mundial e a Tassinari & Chatel se posiciona definitivamente como uma empresa sólida voltada à qualidade, ao tradicionalismo e ao valor histórico, sendo responsável pela restauração de castelos e monumentos históricos na Europa e no mundo.
É óbvio que Tassinari & Chatel não é para qualquer um. Não só pelo preço, mas sim, pela exclusividade suprema que ultrapassa o pseudo-luxo das chamadas marcas famosas. Com o preço médio de alguns centímetros de seda da Tassinari & Chatel já se pode exibir uma Luis Vuitton no braço. A maior parte dos tecidos custa entre 300 a 950 euros o metro, mas as sedas tecidas a mão chegam a valer mais de 8.000 mil euros cada metro.
Portanto, reveja seu conceito de luxo e aceite: o excepcional existe, mas infelizmente não é para todos os mortais!
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