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Som do Monte Alegre

Publicado na Revista Monte Alegre | 10ª Edição | Setembro | 2012
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias

O compositor Ricardo Nogueira compõe uma música em homenagem ao bairro

O Monte Alegre não foi apenas inspiração para centenas de quadros de artistas piracicabanos, ou de outras cidades, que procuraram retratar suas belezas naturais. Nem apenas de documentários e até de várias teses acadêmicas. Mais recentemente, o bairro ganhou uma música, feita por Ricardo Nogueira. O compositor trata, na letra, de tudo o que chama a sua atenção quando vai para lá.

O título é direto: Monte Alegre. E a canção já vem fazendo sucesso nas apresentações ao vivo que o autor faz pela noite de Piracicaba ao lado de Alê Antunes.

A história da composição começou em 1999 e de uma maneira bem romântica. O Monte Alegre era o lugar favorito do músico, hoje com 43 anos, para namorar. Aliás, o bairro acabou dando sorte, pois ele logo se casou com Marília, mãe de seus filhos. “Eu sempre achei lindo o lugar, sempre me inspirou. Naquele tempo, então, a natureza era linda”, lembra.

Nogueira destaca, entre outras coisas, a capela que aparece majestosa no alto da paisagem, as flores do jardim à frente da igreja e a fumaça da fábrica de papel. Uma mistura que só acontece por lá, diz o músico. “Eu acho que antes o Monte Alegre era mais poético, mas muita coisa mudou. Só que também muita coisa se preservou. Não adianta ser saudosista, o mundo mudou”, destaca Nogueira.

Mesmo assim, ele conta que o Monte Alegre para ele é um pedaço diferente de Piracicaba. “Eu acho o pedaço mais mineiro da cidade. Para mim é como estar naquelas cidades históricas de Minas Gerais, naquelas ruas e ladeiras. Por isso, até escolhi uma melodia que lembra os compositores mineiros, no estilo Milton Nascimento, Toninho Horta, Lô Borges, Beto Guedes...”, detalha.

Nascido em Sorocaba, Nogueira está na cidade desde 1994, onde começou a se apresentar no circuito boêmio de Piracicaba, que, como lembra, era muito agitado. “A gente tocava quase toda noite. Eu me lembro de começar a cantar à meia-noite de uma terça-feira. Hoje isso não existe mais”, lembra. O bar onde começou a se apresentar era o Mascote, na rua do Rosário, que marcou época. Logo depois foi para o Tambatajá, onde está até hoje. Além de Alê Antunes, já fez trabalhos em parceria com o violonista e compositor Nivaldo Santos e com a cantora Lu Garcia.

Quanto a viver apenas de música, Nogueira utiliza a frase clássica: “A gente não vive, sobrevive”. Mas não reclama e tem conseguido manter uma boa agenda de shows. Nos anos 90, conseguia conciliar a música com o trabalho nas Casas Pernambucanas, mas a arte falou mais alto. “Eu recebi a proposta de ser auditor da loja, mas para isso teria de ter dedicação exclusiva. Preferia ficar com a música”, afirma.

Agora ele diz que a cena musical de Piracicaba é mais tranquila, funcionando apenas de sexta a domingo. Mas afirma que já conquistou um público e nem pensa em fazer concessões para estilos mais populares. Sua praia é mesmo a MPB de Caetano, Gil, Djavan, João Bosco, Jorge Benjor. “E do maior de todos, Chico Buarque. Adoro todas as suas canções.” (por Ronaldo Victoria)

A magia da capela
De onde se vê as flores
Que nascem sem tocar o solo
Crescem nas telhas da incerteza
Sentindo a fumaça da fábrica de papel
(Refrão)
Era cheiro de flores nos telhados das casas
Estrela cadente neste Monte Alegre
Estrela na capela deste Monte Alegre
Coração livre, apaixonado
Corpos jogados neste Monte Alegre
O original pecado que nos enganou
Nos trouxe o verdadeiro amor
(Refrão)
Simetria de lugar comum
Pedras no chão contando a sua história
No caminho, seus tesouros
E a paisagem que se acaba
Com o pôr-do-sol


Ouça a música no site www.mbmideias.com.br

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