Fazemos acontecer

Um Monte Alegre de bolinhas de açúcar

Publicado na Revista Monte Alegre | 01ª Edição | Março | 2011
Foto: Allan F. D. Villa

Como designer e artista plásmica (com m mesmo) que sou, sempre privilegiei ou fui privilegiada com uma boa percepção visual que alimentou e povoou meus sonhos e vigílias, constituindo um vasto arquivo pessoal. A esse arquivo de imagens recorro constantemente, seja para trabalhar, para solucionar enigmas, para simplesmente me deleitar ou, ainda, em situações como esta, compor um panorama ainda que onírico de uma realidade vivida em tenra idade e que me foi solicitada para dar início a uma conversa sobre o emergente bairro de Piracicaba, Monte Alegre, onde nasci, ainda em casa e com parteira, quando ainda o lugar  era a antiga fazenda de cana-de-açúcar.

Como fazenda, Monte Alegre merece destaque histórico e cultural por ter sido uma das primeiras do Brasil a ser inteiramente construída pelos imigrantes italianos em Piracicaba. Como bairro, que se dispõe a respeitar todo esse magnífico patrimônio, Monte Alegre já é fonte de orgulho e, até mesmo, paixão de todo cidadão piracicabano.

No primeiro número desta revista desejo a ela longa e proveitosa existência como um ‘Monte Alegre’ de boas e interessantes notícias e conteúdo que nos ajudem a olhar para o futuro com esperança, o passado com carinho e aceitação e pensar o presente, nem sempre de fácil leitura, como uma dádiva a ser cultivada com amor.

Neste artigo inaugural (tomara que primeiro de muitos se vocês leitores apreciarem), ofereço minha mais antiga e deliciosa imagem que carrego do pouco tempo que vivi na Fazenda Monte Alegre, da qual meu pai Eduardo Fernandes Filho foi sempre fiel colaborador.

Com pouco menos de dois anos de idade, esta menininha que dentro de mim ainda habita conseguiu galgar o topo de um monte branco, engatinhando sob olhares admirados e cheios de troças de alguns dos meus irmãos. Somos tantos que não me lembro quantos eram na ocasião. Lá em cima, já me rolando satisfeita com a façanha, inebriada pelo cheiro mais doce que já havia sentido, iniciei a mais fantástica degustação das deliciosas e mágicas bolinhas de açúcar, subproduto da cana antes de ser transformada em pó. Poucos que, como eu, viveram essa experiência, podem de fato compreender semelhante prazer que busco aqui descrever, despertando nos leitores as capacidades sinestética e empática e a certeza de que boas memórias podem e devem ser compartilhadas.

Esta coluna estará sempre buscando imagens, sensações, símbolos, impressões e ideias capazes de nos transportar a um presente mais rico, prazeroso e produtivo.


Vamos trocar nossas figurinhas através do e-mail: refernandescor@uol.com.br
Contamos com as contribuições de todos vocês.
Rê Fernandes, piracicabana residente no Rio de Janeiro, é artista multimídia, designer, professora e pesquisadora das linguagens artísticas. É mãe e avó, cultiva as boas amizades e se considera cidadã do mundo. Lançou recentemente o livro Da Cor Magenta - Um Tratado Sobre o Fenômeno da Cor e Suas Aplicações pela Editora Synergia, RJ.

 

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